07/12/2020 às 13h55min - Atualizada em 07/12/2020 às 13h55min

AFUNDAÇÃO LAVA JATO

270 MILHÕES BLOQUEADOS


O procurador-Geral da República, Augusto Aras, ao tomar conhecimento de um depósito no valor de R$ 270 milhões da J&F exigidos pelo Ministério Público do Distrito Federal, resolveu bloquear o que teria sido identificado como desvio de finalidade. A exemplo do que haviam tentado fazer seus colegas procuradores de Curitiba, o ramo brasiliense do MPF planejou montar uma fundação para administrar a dinheirama – dessa vez, com a ajuda da TI (Transparência Internacional). Quem esquematizou a operação teria sido o conselheiro da TI e assessor informal da "lava jato", Joaquim Falcão.
 
O depósito relacionado ao acordo de leniência da holding da JBS foi feito na última quinta-feira (3/12). Rapidamente, Augusto Aras alertou a subprocuradora-geral da República, Maria Iraneide Olinda Santoro Facchini, coordenadora da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão, informando-a que a destinação correta do dinheiro seria o Fundo de Direitos Difusos ou revertidos em favor da União. O ofício, obtido pela ConJur, acompanhado de documentos, foi entregue na sexta-feira, dia 4, ao órgão incumbido dos acordos de leniência. Nele, Aras associa a manobra à que foi bloqueada por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. No caso, o ministro suspendeu acordo semelhante do consórcio da "lava jato" de Curitiba que previa a criação de uma fundação utilizando R$ 2,5 bilhões da Petrobras.
 
Em parceria com a Transparência Internacional, procuradores do Distrito Federal assinaram em 2017 um memorando que integravam as autodenominadas operações greenfield, sepsis, cui bono e carne fraca — que atingiram a holding J&F e levaram os executivos do grupo a fazer um acordo de delação e a leniência para a empresa.
 
O que se pretende agora é destinar parte dos recursos desse acordo, no valor total de R$ 10,3 bilhões, para um projeto de investimento na prevenção e no controle social da corrupção – seja lá o que isso quer dizer. Custo dessa "campanha educativa": R$ 2,3 bilhões. 
O acordo firmado pelos procuradores do consórcio de Brasília previa que a ONG Transparência Internacional colaboraria com o desenho e a estruturação do sistema de governança e fundação de uma entidade "para atender a imposição de investimentos sociais" das obrigações impostas à J&F. (Deu pra entender?)
 
A parceria seria uma espécie de "clone" da fundação que seria criada pelos procuradores de Curitiba com recursos da estatal de petróleo.
A parceria entre os procuradores da franquia lavajatista e a Transparência Internacional é antiga. Reportagem da Agência Pública, publicada em setembro, apresentou uma série de mensagens trocadas entre o procurador Deltan Dallagnol e o diretor-executivo, Bruno Brandão, da filial brasileira da Transparência Internacional (uma organização não-governamental internacional, fundada em março de 1993, que se descreve na Wikipédia como lutando por "um mundo no qual governos, empresas, a sociedade civil e a vida das pessoas sejam livres de corrupção". A TI tem mais de 100 seções em todo o mundo e um secretariado internacional em Berlim).
 
Os arquivos com os diálogos foram entregues ao The Intercept e provocaram uma série de reportagens publicadas pelo site e veículos parceiros sobre os padrões de atuação do consórcio de Curitiba.
As conversas divulgadas mostram proximidade entre o procurador e o diretor-executivo da ONG que, por vezes, defendeu os métodos da autodenominada força-tarefa em veículos de imprensa. Muitas dessas manifestações de apoio à "lava jato" foram diretamente pedidas por Dallagnol.
Além da blindagem midiática, o executivo da ONG chegou a opinar sobre o controverso projeto de uma fundação que seria criada com parte dos fundos recuperados da Petrobras e que teria os tarefeiros em seu conselho.
"Bruno, será que a TI conseguiria soltar algo (equilibrado, como sempre) sobre liberdade de expressão até a próxima segunda?", questionou Dallagnol em um dos trechos revelados.
Na época, a Transparência Internacional afirmou que esse tipo de relacionamento entre agentes públicos e a ONG faziam parte da natureza de seu trabalho e missão e atacou o trabalho dos jornalistas envolvidos na reportagem.
O MPF, por sua vez, alegou que Deltan Dallagnol e Bruno Brandão "sempre se deram de modo republicano".
 
Obsessões bilionárias
 
A primeira tentativa de criar uma fundação que possibilitasse que os procuradores se tornassem gestores de fundos bilionários foi em 2016.
O Ministério Público Federal teve uma brilhante ideia: pegar os valores recuperados com Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e, em vez de devolver para a empresa, criar um fundo para combater a corrupção. Fundo esse, logicamente, seria gerido por integrantes do consórcio, sob a liderança de Dallagnol.
Na época, o relator da "lava jato" no STF era o ministro Teori Zavascki, morto em janeiro de 2017, que negou categoricamente a ambição pecuniária dos procuradores. O magistrado ressaltou que a estatal é uma empresa de capital misto e que, tendo sido lesada, devia ela receber a totalidade do que for recuperado. Não haveria nenhuma razão, portanto, para a União (leia-se MPF) ficar com esse dinheiro.
Os procuradores do consórcio de Curitiba também atuaram junto a autoridades dos Estados Unidos na aplicação do Foreign Corrupt Practices Act (FCPA) para punir empresas brasileiras. A norma permite que autoridades norte-americanas investiguem e punam fatos ocorridos em outros países. Para especialistas, ela é instrumento de exercício de poder econômico e político dos norte-americanos no mundo.
Reportagem da ConJur mostrou o elo entre o advogado Modesto Carvalhosa e a "força tarefa". Eles seriam sócios no negócio de R$ 2,5 bilhões da Petrobras.
 
Essa tal de Operação Lava Jato e suas ramificações, aparentemente, chegaram ao país unicamente para “se dar bem”. Será que o juiz Sérgio Moro sabe disso? Claro que não, agora ele é empresário – ou algo assim...
 
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