O Albertinho – Alberto Cantalice – sempre foi uma pessoa simpática, sorridente, óculos, bigode e cavanhaque, uma pança estufada, presente constante no tema PT – embora nem sempre em primeiro plano. Mas um petista pra valer. O que será que deu nele para chegar agora com um discurso derrotista? Claro, o PT passa por momento difícil. Desde a saída de Lula e Dilma, desde o golpe parlamentar, associado à jogada de Curitiba, o partido teve que atuar um pouco na defensiva. Momentos péssimos. Mas a solução não está em jogar a culpa em sua principal marca política de forma injusta e absolutamente equivocada. E, afinal, quem é mesmo Albertinho?
A seguir, um texto de Val Carvalho, postado no Facebook.
LULA DEVERIA SAIR DE CENA?
Nem o golpe do impeachment, nem a condenação e prisão ilegais e nem mesmo a eleição do fascista Bolsonaro conseguiram tirar Lula da cena política. Será que o seu próprio partido, qual um Brutus petista, o fará? Depois da nossa derrota eleitoral no segundo turno vemos certos dirigentes petistas afirmarem que “Lula deveria sair de cena” e que ele precisa abrir espaço para a “renovação” do partido. Nada mais lamentável do que vermos petistas usarem Lula como bode expiatório de uma derrota eleitoral cuja responsabilidade é de todo o partido, sobretudo do Diretório Nacional e de nossos governadores, que perderam a eleição nas capitais de seus estados. Além de profundamente desrespeitosos com a história e liderança de Lula, sob a qual todos cresceram, aqueles argumentos são equivocados, irresponsáveis e oportunistas e não conseguem esconder interesses políticos pessoais. O “espaço” de Lula é o espaço de sua forte liderança popular, que nem toda a perseguição midiática e judicial conseguiram destruir. É uma influência política muito maior do que a do partido e que este soube muito bem usar, às vezes até menos do que poderia. A renovação de um partido socialista se faz por meio da ampliação da luta de classes e pressupõe a sua ligação permanente com os movimentos dos trabalhadores, das mulheres, dos estudantes e da juventude em geral. O processo de renovação pode e deve ser planejado, coisa que nunca fizemos adequadamente, mas ele depende do nosso envolvimento diário na luta das massas. E o PT se afastou dessa luta desde que virou governo federal. E a maior parte da renovação passou então a ser feita de forma fragmentada ou por outros partidos de esquerda, mas não pelo PT. Efetivamente a realidade mostra que a grande maioria dos jovens que entram para luta não está vindo para o PT. Mas não podemos jogar no colo de Lula toda a culpa desse processo, que é muito maior do que ele. Esse argumento parece querer apenas se “livrar” de Lula para tudo o mais no partido permanecer o mesmo. É um argumento oportunista, pois esconde também interesses pessoais na disputa presidencial e principalmente é uma posição irresponsável, pois significa jogar fora a água suja da bacia com a criança dentro. No momento, a base popular se mantém afastada do partido e o partido dela, apesar de queremos o contrário. Mas não basta querer. Para tanto temos, primeiro, de mudar muita coisa internamente, desde o nosso modo de fazer política até o distanciamento burocrático de nossas direções com as bases, com a valorosa militância que continua acreditando no PT e quer lutar. Quando a insatisfação do povo explodir, e vai explodir, embora inicialmente de forma anárquica; quando grande parte da sociedade cobrar uma saída para a crise e a superação do caos, nesse momento o PT precisará estar na trincheira da luta pronto para liderar. Será o momento em que o povo, em busca da saída, se voltará novamente para Lula, sua liderança mais visível e confiável. Até agora não se formou nenhuma liderança nacional de esquerda com a força e competência política de um Lula para liderar o povo. Todos os que despontam são promessas positivas para o futuro da luta, mas não para o presente. Mesmo que não seja candidato, Lula continuará sendo até 22 o fator decisivo de qualquer equação política da esquerda e centro-esquerda. Por isso Bolsonaro, Doria, Ciro, a Globo e toda a grande mídia, a cúpula militar e toda as forças reacionárias e imperialistas querem manter Lula de fora da disputa presidencial de 2022. No entanto, o que realmente não esperávamos, até por ser uma posição politicamente suicida, é ver setores do próprio PT agirem no mesmo sentido da direita e ultradireita para golpear e afastar Lula. Ou tirá-lo de cena, como querem alguns.