Existe alguma coisa que não seja censurável em Bolsonaro? Podemos começar pelo fato de ele pertencer à direita fascista. Aliás, isso já seria suficiente. Virar joguete nas mãos de Trump também é algo absurdamente censurável. Mas ele foi mais longe. Bolsonaro censurou notícias da Agência Brasil sobre o assassinato de João Alberto, o homem negro morto por dois seguranças brancos em uma loja do Carrefour em Porto Alegre, na véspera do Dia da Consciência Negra. E ainda fez gracinha, dizendo que era ‘daltônico’: "Todos têm a mesma cor".
Quem revelou isso foi Guilherme Amado, em reportagem no site da revista Época, neste sábado, 28. A EBC (Empresa Brasil de Comunicação), que é comandada pelo governo Jair Bolsonaro, ordenou que a Agência Brasil ignorasse o assassinato de José Alberto Silveira Freitas. A censura teria sido ordenada por escrito aos funcionários da Agência Brasil no dia 20 de novembro, dia seguinte à morte de João Alberto, mandando que o crime fosse ignorado nas redes sociais da agência – o que foi cumprido.
A EBC é presidida pelo publicitário Glen Lopes Valente, que foi alçado por Bolsonaro ao comando da empresa após atuar como chefe dos departamentos comercial e de marketing do SBT. Ele atuou ainda como vice-presidente de marketing do HSBC no Brasil e como responsável pela área na América Latina.
Bolsonaro e o vice, Hamilton Mourão (PRTB), negam que haja racismo no Brasil. Dizem que o crime está sendo usado de forma “ideológica” – o que é verdade, está sendo usado pela ideologia fascista que tomou conta do Alvorada.