27/11/2020 às 07h47min - Atualizada em 27/11/2020 às 07h47min

SABE O QUE É A CHINA?

O GLOBO ENSINA O BEABÁ AOS BOLSONAROS


Cada vez é mais inacreditável que os Bolsonaros tenham tomado o poder no Brasil. Por mais que a gente já tenha entendido que o “culpado” em grande parte foi o marketing digital, é difícil aceitar que o país inteiro tenha sido enrolado em um lero-lero estarrecedor. Veja esse “caso” Eduardo Bolsonaro versus China. Poderia até parecer piada, mas tem que ser encarado com toda a seriedade, para que o país nunca mais caia nesses golpes eleitorais. Vale a pena ler o editorial do Globo de hoje.
 
Relação com a China exige visão de longo prazo
Estratégia para lidar com chineses deveria se estender para além do comércio, do agronegócio ou do 5G
Editorial
 
Não é novidade que o deputado federal Eduardo Bolsonaro não tem estatura nem preparo para comandar a Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Já havia ficado claríssimo na tentativa frustrada de comandar a embaixada brasileira em Washington. Também não há nenhuma surpresa no tuíte em que ele acusou a China de usar a quinta geração da telefonia celular (5G) para espionagem, fazendo eco literal à campanha do governo americano para desacreditar a tecnologia chinesa.
O entrevero, que ensejou uma resposta dura da embaixada chinesa, chama a atenção por outro aspecto: o despreparo para lidar com a China não se restringe ao Zero Três ou às falanges bolsonaristas. Se diatribes e teorias da conspiração encontram eco, é em parte porque o Brasil ainda carece de uma estratégia consistente para lidar com seu maior parceiro comercial, maior potência emergente no planeta e, em questão de anos, a maior economia global (por alguns critérios, já é).
 
Dirigir à China um olhar menos ideológico e mais pragmático é uma necessidade que ultrapassa a autorização para chineses participarem de leilões na telefonia. As exportações do agronegócio brasileiro à China estão em torno de 38% do total (em 2019 eram 32%). A China respondeu por 70% do superávit comercial brasileiro até agosto (em 2019 eram 58,5%). Para cada dólar que o Brasil exporta aos Estados Unidos, exporta outros 3,5 à China. Dos dez produtos mais vendidos pelo país em 2019, seis foram aos chineses.
A relação com a China vai além do interesse comercial. “Tão importante quanto o que o Brasil pode exportar para a China, é o que o Brasil importa ou pode importar da China, e como pode construir canais estáveis e eficientes para absorção de novas tecnologias em que a China oferece liderança crescente”, afirma a diplomata Tatiana Rosito em estudo publicado ontem pela Câmara Empresarial Brasil-China.
O estudo analisa o desafio que a China representa e propõe uma estratégia de longo prazo ao Brasil. O essencial é entender que não faz sentido comparar a tensão sino-americana à Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética. As duas economias estão tão imbricadas que não é crível uma separação em polos antagônicos, por mais que ela ocorra em tecnologia ou segurança. Encarar a disputa como um jogo de soma zero, em que precisamos escolher um lado, é um erro primário. Ambas as potências precisam ser vistas como alavancas para nosso desenvolvimento.
Rosito mostra que a agenda com os chineses deve se estender a tecnologia, infraestrutura, finanças, sustentabilidade e produtividade. A relação entre Brasil e China perdurará por séculos. Está justamente na visão de longo prazo o segredo do êxito chinês nas últimas décadas. Ela reflete um ensinamento de Confúcio que também caberia num tuíte: “Se as pessoas não pensam no que está longe, necessariamente se preocuparão com o que está perto”. Eis uma lição que os brasileiros já deveriam ter aprendido.

 
Que vergonha! Que absurdo! Que Bolsonaros são esses!

Leia no Globo.
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