19/05/2019 às 12h19min - Atualizada em 19/05/2019 às 12h19min

BOLSONARO, COMO NA SUA CAMPANHA, CONTINUA SE SUSTENTANDO EM FAKENEWS.

Hayle Gadelha

Muito importante esse texto (“Decisivos na campanha, grupos bolsonaristas no WhatsApp agora atuam para desfazer crises”) de Pedro Capetti, hoje no Globo, sobre as artimanhas bolsonaristas através do WhatsApp – para alguns, o mais eficiente nas ações de marketing digital.
O texto começa esclarecendo que continua a mesma tática utilizada durante a campanha eleitoral: “grupos pró-governo tentam resolver crises explorando pautas ideológicas e contra-atacam setores como a oposição e o Judiciário. Em momentos de baixa popularidade, até mesmo o presidente retorna à plataforma, que ganha verniz de canal oficial”. Mas o mais importante são as ações “invisíveis”. De toque em toque, o exército digital — e informal — trata de se organizar, principalmente nos momentos mais difíceis da gestão, como aconteceu nessa semana passada.

 

No início deste mês, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou o contingenciamento de 30% nos repasses de três instituições de ensino e, para dar sustentação a esse ato naturalmente antipopular, o WhatsApp foi inundado de fotos antigas de pessoas nuas, capas de monografia das ciências humanas sobre sexualidade e pichações em locais descontextualizados. Ou seja, o uso descarado de métodos fascistas para ajudar a empurrar goela abaixo do povo brasileiro a privatização das universidades públicas. Pedro Capetti destaca que “das 30 imagens mais compartilhadas em WhatsApps pró-governo em maio, 17 eram referentes ao que bolsonaristas chamaram de ‘balbúrdia’ nas universidades federais”. Os dados são do projeto Eleições sem Fake, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que monitora cerca de 350 grupos na internet desde o ano passado.

A concentração de mensagens se repetiu, em menor grau, no decreto de armas e em ataques ao Supremo Tribunal Federal.

 

Na sexta passada, das cinco mensagens mais compartilhadas nos grupos acompanhados pelo Monitor do Whatsapp da UFMG, quatro estavam relacionados à mensagem encaminhada por Bolsonaro. Nos grupos, o texto foi editado, ressaltando, logo no início, que a mensagem foi repassada pelo presidente. Também é acompanhado de uma convocação para manifestação marcada para o dia 26 de maio.
Desde 2018, o pesquisador da UFF Viktor Chagas analisa 150 grupos pró-Bolsonaro no WhatsApp. Passada a eleição, ele percebeu, no início do ano, uma rearticulação da engrenagem. A estratégia é a mesma, com células piramidais de apoio divididas entre os grupos “de ataque”, em que o administrador publica um determinado link que deve ser disparado em massa; e com os grupos públicos, de maior organicidade e com mais de um moderador, nos quais é permitido interagir. Números de telefones do exterior seguem presentes nesses grupos.
Viktor Chagas destaca que temas morais têm mais destaque na ação dos grupos, e diz que “é interessante ver como esses grupos se articulam em função das estratégias governamentais. No momento em que Bolsonaro aciona determinado tema, sobretudo moral, essa rede é articulada para ganhar maior repercussão. Vimos isso no carnaval, no episódio do “golden shower”. Esses temas morais são os que causam maior impacto, acionam um conjunto de afetos que mobilizam o sentimento conservador e reacionário que constitui o coletivo desses grupos”.

Para ele, as diferenças entre o movimento na eleição e agora estão relacionadas aos fluxos de informações entre os usuários. Antes ocorriam todos ao mesmo tempo. Agora, são ciclos que podem compor uma agenda maior. Segundo ele, no entanto, ainda não é possível detalhar o funcionamento dessa engrenagem. É difícil saber por quem ele é conduzido e como ele é executado.

 

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