18/05/2019 às 12h13min - Atualizada em 18/05/2019 às 12h13min

A INTOLERÂNCIA A BOLSONARO E O TOLERÂNCIA ZERO DE GIULIANI

Hayle Gadelha

Em um de seus tweets de ontem (mais ou menos às 19 horas), Bolsonaro tenta fazer média com a população dos grandes centros urbanos abordando a questão da segurança. Disse ele que "exemplos como o do Prefeito Giuliani servem de inspiração para o nosso governo, que tem como uma de suas principais metas desmantelar o crime organizado, combater a corrupção e reprimir o crime violento, que faz mais de 60 mil vítimas fatais todos os anos".

 

É mais uma das jogadas de marketing, certamente mais uma que não vai dar em nada. Rudolph William Louis Giuliani, mais conhecido como Rudy Giuliani, depois de duas derrotas, conseguiu ser eleito prefeito de Nova York em 1997 e ficou famoso por ter reduzido os índices de criminalidade em 57%. Mas também ficou conhecido por seu preconceito social e racial que usou como base.

 

O famoso programa Tolerância Zero que Giuliani implantou, inspirado na teoria das "janelas quebradas", de Wilson e Kelling, até hoje tem muitos questionamentos. O próprio Cesar Maia escreveu em seu Ex-Blog: “Devemos considerar que não é tão simples a transposição. Em Nova York foram necessários muitos anos para se obter resultado. Há também acusações de desrespeito aos direitos humanos e de que o Tolerância Zero serviria para acobertar discriminação étnica”.

 

É também muito interessante o depoimento reproduzido pelo site Scielo, em dezembro de 2002:


Horizontes Antropólogicos. "O dono de um serviço de entrega de maconha a domícilio explicou a reação ao intensificado policiamento da era Giuliani: 'Não estamos contratando pessoas de cor porque, basicamente, se alguém é negro em Nova Iorque, pelo menos uma vez por semana ele será barrado pela polícia. Não gosto do Giuliani, e é uma coisa totalmente diferente ser uma pessoa de cor em Nova Iorque agora; pois sabe-se, com certeza, que vai ter complicação com a polícia, vai ser revistado, e simplesmente é assim que as coisas são. Infelizmente, tenho que tocar meus negócios. Isso significa que tenho que contratar garotos brancos e com a ficha limpa. Quero dizer, gosto de contratar jovens brancos com aparência de estudantes. Sei que é covardia (não contratar pessoas de cor), mas tem-se que ser realista, estamos no negócio para pagar as contas, entende?'. Após adotar este critério, seu serviço de entrega a domicílio operou por anos sem sofrer nenhuma prisão".

 

É isso que queremos para o Brasil? Na verdade, Bolsonaro não quer apenas investigar “janelas quebradas”. O que ele quer é quebrar o Brasil e nossa gente. Não toleramos isso!

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