08/11/2020 às 07h39min - Atualizada em 08/11/2020 às 07h39min

AS LIÇÕES DE GREENWALD:

DIZ PARA A ESQUERDA ONDE FICA A DIREITA

 
O jornalista Glenn Greenwald aparentemente resolveu escrever uma cartilha sobre o que é e o que não é certo na política e, pior, parece tentar esfregar seus mandamentos na cara da esquerda brasileira.
 
Lição nº 1: “política não é sobre quem você gosta como ser humano”. Dito isso, ele tenta “explicar”:
“Biden tem 50 anos no poder, e é muito claro o que ele vai defender, qual ideologia vai implementar. Ele não é Lula, não é Evo Morales, não é contra a guerra, não é socialista.”

Que absurdo! Greenwald comprovou apenas que ele ainda não sabe nada sobre essa esquerda tupiniquim que habita o Brasil. A esquerda brasileira não apoiou Trump principalmente por um aspecto: ele é o grande aliado fascista de Jair Bolsonaro, o grande representante da direita que ocupa a Presidência da República no Brasil. Taoquei pra você ou quer mais?
 
Lição nº 2: “Em 2002, Biden era o chefe do Comitê de Relações Exteriores. Foi o senador democrata mais influente nas questões da guerra. Ele apoiava a invasão do Iraque veementemente. O apoio que ele deu a Bush foi crucial para persuadir outros senadores democratas a votarem a favor da guerra.”

Ele apoiou, é verdade, da mesma forma que  64% dos americanos apoiaram. Espera-se que todos tenham aprendido a lição.
 
Lição nº 3: “O Partido Democrata está se distanciando dos trabalhadores, e a expressiva votação de Trump entre minorias — latinos e negros — nesta eleição espelha esse movimento”.

O populismo tem esses aspectos. Aqui no Brasil, Bolsonaro soube aproximar-se da população mais pobre (que inclui “latinos” e “negros”...) com o Renda Cidadã. Será que isso faz dele um “progressista”?
 
Lição nº 4: “Para mim, as liberdades mais importantes da democracia — de expressão, de imprensa, de ser dissidente — estão sendo atacadas com força nos EUA.”

Como assim “estão sendo”? Sempre estiveram. Diretamente junto a sua população ou, principalmente, apoiando governos fascistas por toda parte.
 
Lição nº 5: “Joe Biden não é Lula, não é Evo Morales, não é contra a guerra, não é socialista".

Ninguém tem dúvida disso. Mas Greenwald chega a dizer que a mídia está exagerando (e que estaria lucrando com isso) na narrativa de que Trump é uma ameaça aos direitos humanos e que os Democratas terão mais facilidade para governar. Por outro lado, afirma que, pessoalmente, está feliz com a derrota de Trump, por acreditar que ela enfraquece a extrema direita no mundo — incluindo Jair Bolsonaro, a quem ele vê como mais esperto que Trump.
 
Você já provou que tem valor como jornalista, Greenwald. Em vez de lançar arrogância, apoie a esquerda, não precisa tentar demonstrar uma “superioridade” inútil. Podia aproveitar para ler a entrevista de Celso Amorim para o Brasil247.

O embaixador Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores durante o governo do ex-presidente Lula, avaliou, em entrevista à TV 247, a derrota de Donald Trump e eleição do democrata Joe Biden à presidência dos Estados Unidos como “uma vitória da democracia”.

“Não há a menor dúvida que é uma vitória da democracia, por mais imperfeita que ela seja”, declarou, fazendo referência ao perfil conservador e até alinhado à direita de Biden. “Agora vamos continuar a defender nossos interesses, mas dentro de um padrão civilizatório”, observou.

Para ele, “a derrota de Trump já é algo muito importante, porque é não só o ídolo de Bolsonaro, mas de vários líderes políticos. Ele acaba sendo um modelo para determinado tipo de comportamento que evoca o que há de pior no ser humano”

A respeito de um debate feito pela esquerda de que não haveria diferença entre Trump e Biden, Celso Amorim voltou a discordar com veemência, como já havia destacado anteriormente. “Não é a mesma coisa. Falam em nuance. Nuance importa muito, pode representar milhares de vidas”, disse.

Amorim acredita que a futura política ambiental de Biden pode ser “uma pressão bem-vinda” para o Brasil, onde o governo Bolsonaro despreza a preservação da Amazônia e outros biomas. E critica o discurso de Bolsonaro contra Biden de que o País tem direito de fazer o que quiser com as reservas ambientais. “Soberania não é poder queimar a Amazônia, falar bem do estupro, isso é distorção”.

O ex-chanceler prevê, no entanto, que o ‘trumpismo’ ou a extrema direita não acabou. “A influência dele vai diminuir, mas a extrema direita vai continuar”.


 
Leia também no Brasil247 , Brasil247 e na Folha.

 
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