Mais de 42% da indústria argentina já está paralisada. E o resultado do baixo uso de máquinas é óbvio: suspensões em massa de trabalhadores – ou seja, o próximo passo deverá ser demissões e fechamento de empresas. Carros, metalurgia, pneus e plástico, têxteis, alimentos e bebidas já estão abaixo da média. A utilização da capacidade instalada da indústria ficou em 57,7% em março, como informa o Indec (Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina).
A indústria está atendendo à demanda local e às suas exportações com pouco mais da metade das instalações que possui atualmente. É o pior registro para o mês de março até agora na gestão do Cambiemos, a coalizão política de centro-direita criada em 2015, composta pelos partidos PRO (Mauricio Macri), UCR (Ernesto Sanz) e Aliança Cívica (Elisa Carrió). Em 9 de agosto de 2015, Mauricio Macri foi o escolhido como candidato para representar a Cambiemos nas eleições presidenciais, que venceu em 22 de novembro. Exatamente de março de 2015 para cá, há queda de 10 pontos percentuais no uso da capacidade industrial, o que está diretamente relacionado à queda na produção industrial.
Segundo dados oficiais, a atividade industrial recuou 13,4% em março, em comparação com o mesmo mês de 2018. Foi a maior queda no ano, comparável apenas à queda de 14,8% em dezembro passado. Contra fevereiro, o estimado industrial mostrou queda de 4,3%, ajustada sazonalmente, após dois meses consecutivos da leve melhora que o governo apresentou como sinal do fim da crise. Os dados mais recentes agora descartam qualquer indicação de recuperação da atividade econômica. No trimestre, a queda no setor de manufaturas atingiu 11,1% em relação ao mesmo período do ano passado.
O setor com menor uso de sua capacidade industrial é o automotivo, com apenas 35% de uso em março, mais de 20 pontos abaixo dos 58,2% do mesmo mês do ano passado. Queda de 39,1% na fabricação de veículos em março e 29,7% no primeiro trimestre. Enquanto isso, o mercado de autopeças recuou 6,7% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado.
Em resposta à situação, a indústria de automóveis adotou um esquema de suspensões em massa de funcionários por vários meses. Agora em maio, a FIAT suspendeu totalmente sua produção por onze dias em Córdoba, enquanto a fábrica de caminhões da Iveco trabalha apenas oito dias. Na sua fábrica de Pacheco, onde 3900 pessoas trabalham, a Volkswagen não abre por oito dias em maio. A Renault também suspende o pessoal.
O segundo setor com o pior desempenho é o de metalmecânica, com apenas 43,1% de sua capacidade industrial sendo utilizada. Segundo relatório da Indec, “o menor uso das fábricas se origina principalmente na queda dos níveis de produção de máquinas agrícolas e eletrodomésticos”.
Quem sabe, a esquerda que se une em torno de Cristina Kirchner é que vai endireitar a Argentina...
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