09/10/2020 às 08h31min - Atualizada em 09/10/2020 às 08h31min

A DIFICULDADE DO RENDA CIDADÃ NÃO É NAS FINANÇAS

A DIFICULDADE É POLÍTICA

 
Pare um pouco pra pensar. Por acaso este ano tem eleição presidencial? Não, não tem. Talvez não tenha nem mesmo nos Estados Unidos de Trump... Você obviamente já protestou dizendo que teremos, em menos de 100 dias, as eleições municipais em mais de cinco mil e quinhentos municípios. Acha pouco ou quer mais? E o que Bolsonaro vai fazer para apoiar os seus milhares de candidatos a prefeito e a vereador em todo o país? O de sempre, soltar verbas e obras, todo o apoio que poderá dar – menos a marca “Renda Cidadã”, que está guardando para a sua tentativa de reeleição em 2022. Talvez até use a marca vez ou outra, mas prefere que ela renda muito mais na sua própria recandidatura.
 
Diz o relator da medida, o senador Márcio Bittar (ex-pecuarista e político do Acre, eleito em 2018 pelo MDB com 185.066 votos), que ele e a equipe econômica trabalham para encontrar uma solução dentro do teto de gastos o mais rápido possível. Conversa para os seus bois dormirem. O Renda Cidadã - que o governo Bolsonaro pretende usar como seu próprio Bolsa Família, um sucesso absoluto nos governos do PT - só será apresentado no Congresso Nacional após as eleições municipais de 15 de novembro.

Diz o site Metrópoles que foi um recuo, e é verdade também. Mas foi apenas um chute para tentar ganhar a Copa Reeleição 2022. Raciocina (!) Bolsonaro que, com o ibope que ele tem no momento, só precisa se preocupar mais à frente.

Dizem que o governo enfrenta dificuldade em encontrar uma forma de financiar o novo programa, que deve demandar recursos extras de R$ 20 bilhões. Claro, existem dificuldades de recursos, mas que poderiam ser rapidamente superadas, se estivéssemos em ano de eleição presidencial.

Diz a Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco) que os super-ricos brasileiros poderiam financiar o programa Renda Cidadã. A ampliação das alíquotas do Imposto de Renda sobre os maiores rendimentos e a regulamentação do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) teriam potencial arrecadatório de quase R$ 2 trilhões em 10 anos.
Esse aumento de impostos atingiria apenas 0,3% da população, e seria capaz de bancar um programa social “amplo e vigoroso” no país. Além disso, representaria uma “injeção de progressividade” no sistema tributário brasileiro. Ok, está tudo anotado. 2022 vem aí...
 
Leia também no Brasil247 e no Metrópoles.
 

 
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