O Papa Francisco mostrou que o Vaticano não é terra de Bolsonaro, não é lugar para os Estados Unidos de Trump fazerem politicagem eleitoreira de baixo nível. O Papa simplesmente recusou encontro com Mike Pompeo, aquele secretário dos EUA que recentemente andou pelas fronteiras brasileiras provocando países sulamericanos que não rezam por sua cartilha. O representante de Donald Trump será recebido pelo cardeal Pietro Parolin.
É preciso destacar também que, recentemente, o mesmo Mike Pompeo fez críticas ao Vaticano por seu vínculo com a China: “O que a igreja prega para o mundo sobre liberdade religiosa e solidariedade deveria ser persistentemente transmitido ao partido comunista chinês”, disparou em um artigo para uma revista católica conservadora. Desde 2018, a Santa Sé trabalha pela unificação da igreja na China, coisa que irrita Trump profundamente. Mas, goste ou não goste, o Papa Francisco definitivamente não se deixará usar como garoto propaganda pela reeleição de um troglodita como Trump.
A Santa Sé está muito mais interessada em se aproximar cada vez mais da China e fortalecer o Acordo Provisório assinado em 22 de setembro de 2018, relativo à nomeação de bispos, e que que expira em 22 de outubro. Essa é uma questão essencial para a vida da Igreja e para a comunhão dos pastores da Igreja católica chinesa com o bispo de Roma e os bispos do mundo. O objetivo do Acordo Provisório sempre foi genuinamente pastoral: seu objetivo é permitir aos fiéis católicos terem bispos que estejam em plena comunhão com o Sucessor de Pedro e, ao mesmo tempo, sejam reconhecidos pelas autoridades da República Popular da China.
O Papa Francisco, em sua “Mensagem aos católicos chineses e à Igreja universal”, em setembro de 2018, imediatamente após a assinatura do Acordo Provisório, lembrou que nas últimas décadas, feridas e divisões dentro da Igreja católica na China se polarizaram “sobretudo em torno da figura do bispo como guardião da autenticidade da fé e garante da comunhão eclesial”. As intervenções das estruturas políticas na vida interna das comunidades católicas provocaram o surgimento do fenômeno das comunidades “clandestinas”, que tentavam escapar do controle da política religiosa do governo.
Consciente das feridas na comunhão da Igreja causadas por fraquezas e erros, mas também por pressões externas indevidas sobre o povo, o Papa Francisco, após anos de longas tratativas iniciadas e continuadas por seus predecessores, restabeleceu a plena comunhão com os bispos chineses ordenados sem mandato pontifício. Uma decisão tomada após refletir, rezar e examinar cada situação pessoal. O único objetivo do Acordo Provisório é “apoiar e promover o anúncio do Evangelho na China e restaurar a unidade plena e visível na Igreja”.
Um objetivo como esse jamais poderia comungar com as jogadas eleitoreiras de Trump. Xô! Ire ad terram tuam!