A família Bolsonaro poderia mudar o nome para família Aranha – porque eles foram capazes de fazer uma verdadeira teia de assessores nos gabinetes legislativos. Graças à quebra de sigilo feita pela investigação da famosa “rachadinha” (quando funcionários de parlamentares “racham” os salários com o “chefe”), foi possível mostrar, por exemplo, que o cabeleireiro Márcio Gerbatim sacou, mensalmente, todo o salário que recebeu como assessor do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro entre abril de 2008 e abril de 2010. Uma reportagem do Globo mostra que a conta no Banco do Brasil que aparece na investigação foi usada pelo cabeleireiro para receber o salário como funcionário da Alerj, mas, como o período da quebra do sigilo vai de 2007 a 2018, os extratos também mostram sua movimentação bancária quando foi assessor de Carlos na Câmara de Vereadores do Rio.
Entre maio de 2008 e maio de 2010, quando recebeu o último pagamento, Márcio Gerbatim recebeu R$ 89.143,64 da Câmara de Vereadores. E, no mesmo período, o total de créditos na sua conta foi de R$ 93.422,91 – e as retiradas em dinheiro vivo totalizaram R$ 90.028,96... Gerbatim recebia o salário sempre antes do dia 5 de cada mês e, em seguida, efetuava saques. No dia 1º de maio de 2008, recebeu remuneração líquida de R$ 3.014,59. No dia seguinte, fez dois saques: um de R$ 400 e outro de R$ 500. No dia 3, outra retirada, esta de R$ 2.070 — o que dá um total de R$ 2.970. Em 1º de julho de 2008, ele recebeu R$ 4.210 e, no mesmo dia, sacou exatamente o mesmo valor. Em agosto, a situação se repetiu: ganhou R$ 3.077 e retirou R$ 3.099 no mesmo dia. Meses depois, em fevereiro de 2009, Gerbatim recebeu R$ 3.318 e sacou R$ 3.169.
Nesse mundo do “faz de contas”, consta que os Bolsonaros teriam grande habilidade em construir grandes teias.
