Vamos combinar: foi golpe de mestre. O seu Jair já não aguentava mais ter notícias dos pesadelos que o filhote Flávio tinha, noite após noite. Era sempre assim: estava sonhando que madrugava para ir a uma praia do Rio, ali na Barra, louco para pegar um sol. Mas quando se aproximava do mar, notava que o sol nascia quadrado...
- Papai, não aguento mais. Toda noite tenho pesadelos com um sol quadrado! - Pode deixar, filhão. Vou trocar de sol...
Foi assim que tudo começou. Mexeu daqui, mexeu dali, até que conseguiu eclipsar Witzel, que ele considerava sua verdadeira assombração. Faltam alguns detalhes para tornar um afastamento permanente, mas Jair está fazendo suas pressões sobre o lombo do Superior Tribunal de Justiça para transformar Witzel em um quarto minguante permanente. Faz manobras para selar aliança com o vice Claudio Castro, antes que ele procure um procurador. Aposta que o governador interino vai indicar chefes de órgãos de investigação que atuarão para garantir sombra e água fresca ao seu clã – e, justiça seja feita, parece que vai conseguir...
A pressão é total. São manobras políticas radicais junto ao governador interino do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC), de olho nas nomeações que ele poderá fazer em favor do seu clã. Parecem amigos desde criancinhas. O estreitamento da relação de Bolsonaro com o novo governador chegou a tal ponto que Cláudio Castro publicou em redes sociais a informação de que recebeu uma ligação de Flávio Bolsonaro para falar da situação do estado! São ou não são umas gracinhas?
O pai Jair naturalmente está apostando alto que o STJ, que tem diversos ministros de olho no STF (Supremo Tribunal Federal), confirme a decisão de afastar o governador Witzel, tomada monocraticamente pelo ministro Benedito Gonçalves.
É verdade que o presidente do STF, Dias Toffoli, pode transformar o sonho em pesadelo. Ele está apenas aguardando uma decisão colegiada do STJ sobre o tema antes de analisar o recurso apresentado por Witzel ao Supremo. Dizem que é garantido que o colegiado do STJ vai confirmar por unanimidade o afastamento de Witzel, permitindo que o mêo paipai durma tranquilo com o prêmio dado ao filhão.
Tem apenas um porém: o afastamento de um governador em despacho monocrático está sendo alvo de críticas em meios jurídicos e políticos. E o menino do Rio pode acabar como um menino vadio...
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