Tá na cara que foi tudo combinado. Bolsonaro não tem o menor interesse em romper ou discordar de Paulo Guedes - o seu “posto Ipiranga” -, que sempre procura quando precisa de estepe. Eles estão apenas trabalhando em conjunto para a construção, fortalecimento, da imagem de “pai dos pobres” para Bolsonaro. Ele quer ser o novo “Getúlio”, que, durante o seu “Estado Novo”, através dos aparelhos de propaganda, construiu a imagem de “o pai dos pobres”, construiu um verdadeiro culto à personalidade. Getúlio trouxe de fato garantia dos direitos sociais para os menos favorecidos. A diferença é que Getúlio era ditador, não precisava se preocupar com reeleições. Bolsonaro, ao contrário, não pensa em outra coisa. Quer, portanto, deixar bem claro que é ele – e não Paulo Guedes – que estaria preocupado com os mais pobres. Mas todos sabemos que Bolsonaro está apenas preocupado com as eleições. Quer ser o principal cabo eleitoral de candidatos a vereador e a prefeito agora em 2020, eleger o maior número que puder, para contar com seus apoio em 2022. E aí chegamos ao seu principal objetivo do momento: garantir sua reeleição em 2022. Daí é que temos a “discordância”.
Paulo Guedes estaria propondo que o novo programa Renda Brasil pagaria, a partir de janeiro, benefícios entre R$ 220 e R$ 230, abaixo dos R$ 300 reais anunciados por Bolsonaro. Essa era a senha para Bolsonaro entrar em cena, como machão e protetor dos mais pobres. Aliás, o anúncio foi realmente um “cenão”, com um presidente mascarado, cercado de seguranças mascarados, declarando que o valor era R$ 300 reais e não se falava mais nisso. Paulo Guedes já se prepara para chegar ao valor prometido por Bolsonaro – que, com isso, garantiu com certeza mais votos para 2022. Infelizmente, para o povo brasileiro...