19/08/2020 às 15h59min - Atualizada em 19/08/2020 às 15h59min

É MELHOR AUMENTAR O “AUXÍLIO”

O POVO ESTÁ PESSIMISTA

 
O pessimismo com relação ao futuro atingiu um record nesse governo Bolsonaro – é o que diz a pesquisa Datafolha feita agora em agosto.
Para se ter uma ideia, 41% dos brasileiros acreditam que a situação econômica do país vai piorar. Esse pessimismo mostra-se maior entre mulheres, jovens e pessoas mais qualificadas

Mais e mais brasileiros avaliam que a situação econômica do país vai piorar nos próximos meses, com aumento do desemprego, avanço da inflação e perda do poder de compra. O pessimismo é recorde desde que começou o governo Bolsonaro.
 
A pesquisa Datafolha aponta que quatro em cada dez entrevistados (41%) acham que a situação econômica do país vai piorar nos próximos meses, enquanto 29% avaliam que vai ficar igual. A situação vai melhorar para 29% dos pesquisados –1% deles não souberam opinar.​
 
Em dezembro de 2019, última vez em que foi feito o questionamento e antes da pandemia do coronavírus, o cenário era bem diferente: 43% avaliavam que a situação econômica do país ia mudar para melhor, enquanto 31% achavam que ficaria igual e somente 24% pensavam que a coisa iria piorar.
Hoje, tudo mudou e os maiores índices de pessimismo estão entre as mulheres (46%, contra 36% dos homens), jovens de 16 a 24 anos (45%), pessoas com ensino superior (46%) e trabalhadores com renda familiar até dois salários mínimos (42%).
 
A opinião política afeta a percepção dos entrevistados quanto ao futuro da economia.
Com relação à avaliação do governo Bolsonaro, 56% dos que acham o governo ruim ou péssimo esperam também uma piora da atividade econômica, percentual que cai a 29% entre aqueles que avaliam o governo como ótimo ou bom.
o pessimismo é maior entre quem votou em Fernando Haddad (PT) no segundo turno e menor entre os eleitores do atual presidente.
Já o auxílio emergencial e o Bolsa Família aparentam ter pouca influência, porque o índice dos que acham que a economia vai piorar é bastante parecido entre quem recebe ou não recebe os dois benefícios.
O pessimismo derrubou também a percepção dos entrevistados quanto a sua própria situação econômica, que costuma ser sempre melhor do que a avaliação com relação ao país.
O percentual de entrevistados que acham que sua própria situação econômica vai melhorar despencou de 53% em dezembro de 2019 para 30% na pesquisa mais recente.
Os que acham que sua situação vai ficar como está passaram de 30% para 49% na mesma base de comparação, enquanto os que esperam que sua situação pessoal vai piorar passaram de 15% a 19%.
 
DESEMPREGO
A percepção de que o desemprego vai aumentar nos próximos meses também é generalizada. Dos entrevistados, 59% acham que o indicador vai aumentar, contra 21% que avaliam que vai diminuir. Para 19%, a falta de trabalho vai ficar estável.
 
Em dezembro, os que achavam que o desemprego iria aumentar eram 42%, enquanto para 26% haveria estabilidade e 30% vislumbravam uma melhora do mercado de trabalho.
O temor de aumento do desemprego é maior entre mulheres (62%), pessoas com 45 a 59 anos (65%), moradores do Sul e Sudeste (64% e 62%) e assalariados sem carteira assinada (67%).
 
Segundo o IBGE, a taxa de desemprego chegou a 13,3% no trimestre encerrado em junho, a maior já registrada para o período.
Mas o indicador ainda não reflete totalmente os efeitos da crise, porque o instituto só considera como desempregados aqueles que estão efetivamente em busca de trabalho.
Economistas estimam que a taxa estaria mais próxima de 21,5%, considerando pessoas que estão desocupadas e gostariam de trabalhar, mas não estão procurando emprego devido à pandemia ou outros motivos. A expectativa dos analistas é que a taxa deve crescer nos próximos meses, quando o fim do isolamento social e da renda proporcionada pelo auxílio emergencial devem levar mais pessoas de volta à busca por ocupação.
 
Não é à toa que Bolsonaro planeja lançar o Renda Brasil (para substituir o Bolsa Família), com o valor mensal de 600 reais. Se não fizer isso, é 100% certo que vai ser enxotado a pontapés.
 
 
O Datafolha ouviu 2.065 pessoas por telefone em 11 e 12 de agosto. A margem de erro é de 2,16 pontos percentuais, para mais ou para menos.


Leia também na Folha e no Brasil247.

 
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