11/08/2020 às 08h54min - Atualizada em 11/08/2020 às 08h54min

OS BOLSONAROS SÃO MUITO VIVOS

SÓ OPERAM COM DINHEIRO VIVO


Não dá para entender o que as pessoas têm contra dinheiro vivo. Dinheiro morto não existe. Isso já seria motivo mais do que suficiente para os bolsonaros preferirem andar com dinheiro vivo. “Leva 70 mil pra lá”, diz um. “Em notas de 10 ou de 100?”, pergunta o outro. “Não esquece do Queiroz”, alerta o pai nosso de cada dia. Nada mais natural, concordam? E perguntamos ainda: eles têm culpa se alguém que empresta dinheiro a esses pobres coitados prefere emprestar em dinheiro vivo? Para que fique tudo bem transparente, eles também pagam os impostos (ninguém seja irônico – claro que pagam imposto...) com dinheiro vivo. Quem deve reclamar é o contador. Como bem lembra Chico Alves em sua coluna, a vida do contador da família Bolsonaro não deve ser nada fácil...
 
Leia:
 
A vida do contador da família Bolsonaro não deve ser nada fácil.
 
Deve ser um homem muito atarefado o contador responsável por prestar contas da família Bolsonaro. Desde que o filho 01 do presidente, Flávio, apareceu no noticiário como chefe de um esquema de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio, veio à tona um emaranhado de transações financeiras dos integrantes do clã que é difícil de explicar pela lógica das pessoas comuns. Talvez só os terraplanistas entendam.
 
Não se sabe o que os Bolsonaros têm contra o sistema bancário, mas o certo é que adoram fazer pagamentos em dinheiro vivo. O último exemplo, revelado em matéria da jornalista Juliana Dal Piva, no jornal O Globo, veio mais uma vez do senador Flávio Bolsonaro: em 2008, ele comprou 12 salas comerciais na Barra pagando uma parcela de R$ 86,7 mil em dinheiro vivo, depositada na conta das empresas imobiliárias.
 
A revelação foi feita pelo próprio Flávio, em depoimento ao Ministério Público do Rio, no dia 7 de julho.
 
Segundo o relato do senador, a parcela paga em espécie foi resultado de empréstimos que ele fez com o pai, Jair Bolsonaro e um irmão — não disse qual. Também "acha" que pegou dinheiro com Jorge, que era chefe de gabinete de Jair quando deputado federal e que faleceu há dois anos — era pai do ministro Jorge Oliveira, secretário-geral da Presidência.
 
Depois de todo esse esforço, Flávio vendeu os imóveis 43 dias após o registro em cartório e obteve na negociação um lucro espetacular de R$ 318 mil.
 
Ele, então, devolveu o dinheiro que pegou emprestado, obviamente também com depósitos em espécie. O senador diz que tudo está declarado ao Leão, mas isso não impede que alguém estranhe tamanha paixão por cédulas.
 
Essa é uma de várias operações esquisitas, como o depósito de R$ 25 mil que Fabrício Queiroz fez, também em dinheiro vivo, na conta da mulher de Flávio. O filho 01 disse desconhecer essa transação.
 
Não é para menos. O entra-e-sai de dinheiro na conta da família causa uma surpresa atrás da outra. É difícil acompanhar.
 
Assim foi com Michelle Bolsonaro. O MP descobriu que Márcia, mulher de Queiroz, depositou seis cheques que somavam R$ 17 mil na conta da primeira-dama, em 2011. Junto com outros depósitos feitos pelo próprio Queiroz, essa injeção suspeita de dinheiro chega a R$ 89 mil.
 
Como entender essa movimentação? Pobre contador.
 
Quando, em dezembro de 2018, descobriu-se que Queiroz tinha depositado R$ 24 mil na conta de Michelle, o presidente eleito deu uma explicação fora de qualquer razoabilidade. Disse que era pagamento de um empréstimo que ele, Jair, tinha feito a Queiroz.
 
"Só não foi na minha conta por questão de mobilidade minha, que eu ando atarefado o tempo todo para ir em banco", disse o então presidente eleito. A explicação não faz nenhum sentido.
Além disso, Jair Bolsonaro admitiu nessa mesma entrevista que não declarou o valor à Receita Federal.
 
Isso sem falar nos 48 depósitos de R$ 2 mil na conta de Flávio, entre junho e julho de 2017. Ou na quantia de R$ 1,6 milhão que entre 2015 e 2018 foi depositada em espécie como pagamento dos chocolates da loja de propriedade do senador.
 
Nesse caso específico dos bombons pagos em cash, o MP assinala que os depósitos coincidiam com as datas em que Queiroz arrecadava parte dos salários dos funcionários do então deputado estadual.
 
A novela da rachadinha se arrasta desde fins de 2018, sempre com surpresas envolvendo Flávio, sua esposa, a primeira-dama Michelle e Jair Bolsonaro. Não se sabe qual será o desfecho da investigação e quais revelações esse caso ainda pode proporcionar.
 
Mas uma coisa é certa: deve ser um homem muito atarefado o contador responsável por prestar contas da família Bolsonaro.

 
Leia a Coluna Chico Alves
 
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