O ex-motorista Queiroz era uma espécie de “faz tudo” dos Bolsonaros. Além de dirigir os automóveis, também dirigia depósitos na conta da primeira dama Michelle Bolsonaro. Entre 2011 e 2018, chegou a depositar R$ 72 mil, em 21 cheques. Essa revelação revela outra coisa: que Bolsonaro teria mentido quando falou de empréstimo ao amigo.
Segundo reportagem de Fabio Serapião, na Revista Crusoé, isso desmente Jair Bolsonaro que, em dezembro de 2018, antes de tomar posse, afirmou que o depósito de R$ 24 mil de Queiroz nas contas de Michelle seriam referentes a um empréstimo de R$ 40 mil que ele teria concedido ao amigo de décadas. Mas a quebra do sigilo de Queiroz mostra que não há qualquer depósito de Bolsonaro. Será que o empréstimo foi em dinheiro vivo? Aquele dinheirinho que era guardado com carinho e que muito ajudou o pobre Queiroz em um momento difícil?
Após a quebra de sigilo de Queiroz autorizada pela Justiça, autoridades verificaram que o ex-assessor recebeu R$ 6,2 milhões em suas contas entre 2007 e 2018. Do total, R$ 1,6 milhão seriam os salários recebidos como PM e como assessor na ALERJ, onde era funcionário de Flávio Bolsonaro. Outros R$ 2 milhões teriam vindo de 483 depósitos de servidores do gabinete do parlamentar, o que indicaria o esquema de rachadinha. Outros R$ 900 mil foram depositados em dinheiro, sem identificação do depositante. Será que o Queiroz era chamado de motorista porque dirigia muito bem os seu negócios?
De acordo com relatório do antigo Conselho de Atividades Financeiras (COAF), Queiroz fez movimentações atípicas de R$ 7 milhões, de 2014 a 2017. E o procurador da República Sérgio Pinel chegou a afirmar, no semestre passado, ter encontrado “fortes indícios da prática de crime de lavagem de dinheiro” envolvendo Flávio Bolsonaro. O Ministério Público-RJ disse ter encontrado indícios de que o senador lavou R$ 2,27 milhões com compra de imóveis e em sua loja de chocolates.
Fica a pergunta: com o Queiroz preso, quem continua com a responsabilidade de depositar os “pagamentos” dos “empréstimos” na conta da primeira-dama?
