05/08/2020 às 14h47min - Atualizada em 05/08/2020 às 14h47min

ARITANA, O GUERREIRO DO XINGU, PERDE A BATALHA DA COVID-19

POVOS INDÍGENAS CHORAM A PERDA DO CACIQUE


Fotos de RENATO SOARES

Os povos indígenas, a Amazônia e o Brasil  perderam nessa quarta-feira, 5 de agosto, o cacique Aritana Yamalapiti, aos 70 anos, líder do Alto Xingu, mais uma vítima da pandemia da Covid-19 e do descaso do governo Bolsonaro. Aritana estava internado na UTI, em um hospital de Goiânia, há duas semanas, depois de ser transferido do Mato Grosso, quando seu estado se agravou com complicações respiratórias. 
Após a confirmação da morte dessa grande liderança dos indígenas brasileiros, as manifestações e homenagens são os destaques na internet. O neto do cacique Raoni, Patxos Metuktire escreveu. “Quando morre um cacique, a comunidade perde um líder. Quando morre um mestre e um ancião, é um livro cheio de informações que se fecha para sempre”. O fotógrafo e escritor Renato Soares, que desde a década de 1990 é um grande aliado do povo do Alto Xingu, lamentou a morte do amigo. “Silenciem as flautas. Ele se foi! Luto e lágrimas”. Renato conheceu Aritana na casa de Orlando Villas Boas, um dos pioneiros na defesa dos povos indígenas. A amizade se fortaleceu e os trabalhos do fotógrafo revelaram para o mundo a força e a beleza dos povos  indígenas. 

Na internet, as mensagens ressaltam que Aritana vai inspirar o surgimento de novas lideranças seguidoras dos ensinamentos e da sabedoria do grande líder.
Aritana Yawalapiti era cacique desde os 19 anos. Assumiu a liderança do Alto Xingu na década de 1980. Dedicou a vida para lutar em defesa dos povos indigenas e pela preservação das terras já conquistadas. A Amazônia também perde um dos maiores defensores contra as invasões e o desmatamento.  

A imprensa internacional também destaca a liderança de Aritana na região do Parque Nacional do Xingu, em Mato Grosso, ao lado do cacique Raoni. “Antes de adoecer, ele lançou uma campanha de arrecadação de fundos para facilitar o acesso à saúde de membros de sua comunidade” escreveu  o jornal francês Le Parisien. A luta pela saúde nas aldeias brasileiras, principalmente em tempos da pandemia da Covid-19, que as nações indígenas foram ao Supremo Tribunal Federal, no início de julho, O ministro Luís Roberto Barroso deu uma liminar determinando que o governo Bolsanaro cuidasse da saúde desses brasileiros. Entre as medidas, Barroso obrigou o governo federal a manter as barreiras sanitárias para impedir o avanço da contaminação do coronavírus em 31 terras indígenas. De lá para cá, pouco foi feito. A pandemia avança e as aldeias choram a perda de seus líderes e figuras importantes da comunidade.
Infelizmente quis o destino, que no mesmo dia que a Covid-19 causou a morte de Aritana, o plenário do STF se reúna para julgar a liminar. Agora, os ministros também vão julgar outro pedido para que o governo Bolsonaro retire os invasores das terrras demarcadas. Que a força do cacique Aritana ilumine os ministros do STF.

#vidasindígenasimportam

Acompanhe o julgamento no STF pelo link

https://www.facebook.com/apiboficial/videos/512803189512465

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FOTOS DE RENATO SOARES
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