16/07/2020 às 17h32min - Atualizada em 16/07/2020 às 17h32min

MINISTÉRIO DA SAÚDE PRESSIONA A FIOCRUZ PARA RECOMENDAR A CLOROQUINA

BOLSONARO AGORA MANDA O POVO PROCURAR UM MÉDICO


Eles insistem. Agora, o ministério da Saúde  pressiona a Fiocruz, um dos principais centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para a saúde, com reconhecimento mundial, para recomendar o uso da cloroquina no tratamento da Covid-19.
O documento foi assinado pelo secretário de Atenção Especializada, o coronel Luiz Otávio Franco Duarte.
“Venho por meio deste enfatizar a importância do tratamento precoce, ao início dos sintomas de pacientes com diagnóstico clínico dessa doença”.
São medidas essenciais a tomar e divulgar: considerar a prescrição de cloroquina ou hidroxicloroquina, mediante livre consentimento esclarecido do paciente com diagnóstico clínico de Covid-19, para tratamento medicamentoso precoce, ou seja, nos primeiros dias dos sintomas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)”, escreveu o coronel, que é um dos vinte militares em funções estratégicas desde que o general Eduardo Pazuello assumiu o cargo de ministro da Saúde interino, em 16 de maio.

Veja o documento do ministério da Saúde.

 
“A Fiocruz vai testar a hidroxicloroquina e a cloroquina para pacientes de Covid-19?”

No mesmo dia em que o documento do ministério da Saúde foi datado, 29 de junho, o Portal da Fiocruz respondia essa pergunta:

“No momento a Fiocruz está liderando no Brasil uma pesquisa chamada Ensaio Clínico Solidariedade, cujo protocolo é determinado pela Organização Mundial da Saúde. Inicialmente, essa pesquisa envolvia o uso da hidroxicloroquina em uma fração dos participantes. Contudo, recentemente a OMS decidiu interromper os testes com a hidroxicloroquina porque os resultados iniciais demonstraram que não houve diferença nos desfechos clínicos das pessoas com COVID-19, e ainda havia um aumento dos eventos adversos, o que significa a exposição dos voluntários a riscos desnecessários. Esses resultados foram corroborados por outras pesquisas realizadas em outros países. Como o protocolo do Ensaio Clínico Solidariedade é de gestão da OMS, todos os centros participantes do mundo, inclusive a Fiocruz, devem seguir o protocolo de acordo com o determinado pela organização”.

Enquanto eles pressionam para que o sistema público de saúde utilize a cloroquina, o presidente Jair Bolsonaro muda o tom em relação ao medicamento. Nessa quarta-feira, 15, durante uma transmissão pela internet, ao anunciar que o segundo teste que fez sobre a contaminação do coronovírus também deu positivo, Bolsonaro voltou a afirmar que estava usando a hidroxicloroquina, mas dessa vez, fez questão de ressaltar que “não recomenda nada, recomendo que você procure seu médico”.
“Estou medicado desde o ínicio com hidroxicloroquina. Tenho recomendação médica para isso. Estou me sentindo bem desde o dia seguinte. Não tive nenhum sintoma forte, uma febre pequena na segunda-feira retrasada, de 38 graus, um pouco de cansaço e dores musculares”, disse o presidente.

A mudança repentina teria alguns motivos. Na segunda-feira, 13, Bolsonaro conversou, por telefone, com o ministro do STF, Gilmar Mendes, que no sábado passado, criticou o comando dos militares no ministério da Saúde. Segundo o jornal Folha de São Paulo, o ministro alertou o presidente que a gestão brasileira no combate à pandemia do coronavírus pode parar no Tribunal Internacional de Haia. 
O ministro, que está passando o recesso do Judiciário em Portugal, já teria ouvido essa possibilidade. Ainda segundo a Folha, Gilmar Mendes tem dito a interlocutores que está estarrecido com a imagem do Brasil no exterior sobre o combate ao coronavírus. 
Outra preocupação também estaria no pedido que o subprocurador do Ministério Público Lucas Rocha Furtado fez ao Tribunal de Contas da União, na terça-feira, 14, para que obrigue o presidente Bolsonaro a parar de “propagandear o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19”.

E tem mais problema a caminho. Os importantes hospitais Sirio e Libanês, Albert Einstein e Hospital do Coração, em São Paulo, estão concluindo uma pesquisa sobre o uso da cloroquina em pacientes com coronavírus. Segundo a coluna de Bela Megale, do jornal O Globo, há receio de algumas instituições na divulgação dos resultados. Pesquisas brasileiras já têm confirmado que o medicamento não é eficaz no combate à Covid-19, como demonstraram outros trabalhos realizados no exterior. Dá para imaginar  o que vai acontecer nas redes sociais...

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