07/07/2020 às 15h40min - Atualizada em 07/07/2020 às 15h40min

BOLSONARO TIRA MÁSCARA AO ANUNCIAR QUE TESTOU POSITIVO PARA O CORONAVÍRUS

OMS: “TODOS SOMOS VULNERÁVEIS”

Mesmo no dia em que anunciou o resultado positivo do seu teste de coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro não poupou críticas aos governadores, prefeitos e especialistas que, segundo ele, exageraram nas medidas para combater a pandemia. Ele continuou negando a gravidade da situação e no final da entrevista ao vivo, nessa terça-feira, Bolsonaro tirou até a máscara, sem manter os dois metros recomendáveis de distanciamento para os poucos repórteres convocados para a coletiva. 
Bolsonaro também não perdeu tempo para fazer uma “propaganda” da hidroxicloroquina ao dizer que já está tomando o medicamento associado com antibiótico. 
A notícia repercutiu, rapidamente, no mundo. A Organização Mundial de Saúde, sempre criticada duramente pelo presidente, desejou melhoras e uma rápida recuperação a Bolsonaro, através do diretor-executivo do Programa de Emergências em Saúde, Michael Ryan. "Desejo melhoras ao presidente. Outros países tiveram a mesma experiência. Isso realmente demonstra a realidade deste vírus. Todos nós estamos potencialmente expostos a ele, seja quem for. Temos a mesma vulnerabilidade", reafirmando o risco da contaminação. Ryan ressaltou os desafios do Brasil. "Sabemos que o Brasil é uma grande nação que esta enfrentando tempos difíceis. O sistema hospitalar está sendo pressionado e queremos homenagear os profissionais de saúde. A situação, no entanto, está crítica, e o Brasil enfrenta muitos desafios".
Quanto ao usa da hidroxicloroquina, a cientista-chefe da OMS,  Soumya Swaminathan, reforçou que o medicamento é ineficaz e  explicou porque suspenderam os testes com a hidroxicloroquina. 
“Todo nosso trabalho faz parte de um processo bem estabelecido, claro que estamos melhorando este processo. Fazemos uma revisão sistemática das evidências e isso demora, pois temos um grande número de estudos. Interrompemos o ensaio da hidroxicloroquina pela segurança, já que não podemos colocar a vida das pessoas em risco. Temos evidências suficientes para saber que não há nenhum impacto para pacientes hospitalizados com covid-19", disse a cientista. 
O jornal NY Times, um dos principais dos Estados Unidos, ressaltou o negacionismo de Bolsonaro. "Depois de meses negando a seriedade da pandemia e descartando medidas de proteção, Bolsonaro sentiu os sintomas da Covid-19". O britânico The Guardian lembrou que Bolsonaro "banalizou repetidamente a pandemia e desrespeitou o distanciamento social mesmo quando o Brasil se tornou o segundo país mais atingido". 
A BBC não esqueceu que o presidente se referiu à Covid-19 como uma “gripezinha” e lembrou a pressão que ele vem fazendo para que os governadores "abrandassem os bloqueios que, segundo ele, prejudicam a economia".
O jornal francês Le Monde também ressaltou a grave situação que enfrentamos por aqui. "O Brasil é o país mais afetado pela pandemia, atrás dos Estados Unidos, com até o momento 1,6 milhão de casos de covid-19, com 65.487 mortes”.

No Brasil, muitas críticas à maneira como Bolsonaro divulgou a notícia do seu teste. Em entrevista à Globonews, o médico infectologista do Hospital Emílio Ribas, de  São Paulo, Jean Gorintchteyn, disse que os repórteres que acompanharam o anúncio no Palácio da Alvorada, devem tomar cuidados nos próximos dias, fazer o teste e ficar de quarentena até o resultado. Ao mandar a mensagem final, o presidente chegou a tirar a máscara e as equipes de reportagem sem o distanciamento de dois metros recomendado pelos especialistas. do presidente foi , fazer o teste e ficar de quarentena. O sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal pediu aos veículos de comunicação  que suspendam a cobertura presencial no Palácio do Planalto. Para o sindicato, Bolsonaro colocou os profissionais em risco ao convidar as equipes da TV Brasil, CNN Brasil e Record TV para o anúncio, ao vivo, do resultado do teste que deu positivo. “Por que o presidente não solicitou que um médico o fizesse?”, questionou a nota. A entidade que representa os jornalistas no DF também pediu que os jornalistas que trabalharam nas coberturas que tiveram contato com Bolsonaro, nos últimos 10 dias, façam o teste e sejam afastados do trabalho. O sindicato não descarta acionar o presidente Bolsonaro na justiça, caso algum resultado seja positivo. 
Toda a cúpula do governo  vai se submeter ao teste de coronavírus, já que os ministros tiveram  reuniões com Bolsonaro nos últimos dias.
 

No domingo, Bolsonaro, o filho deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) , e vários ministros almoçaram na Embaixada dos Estados Unidos, em Brasília, na festa da Independência do país aliado do governo. O embaixador Todd Chapman tirou fotos com o presidente e sua comitiva, todos sem máscaras. Na tarde dessa terça-feira, a embaixada americana divulgou nota afirmando que Chapmam e a mulher dele já fizeram o teste de coronavírus e deu negativo, mas vão ficar de quarentena em casa. A equipe de funcionários, que ficou exposta aos convidados do governo brasileiro, também  vai ser acompanhada nos próximos dias. 
O vice-presidente, Hamilton Mourão, disse que o  “presidente vai enviar as decisões por vídeo e o governo segue normalmente”. O tempo de quarentena para os pacientes com coronavírus é de 14 dias, no mínimo. Só depois dos testes apresentarem negativo, as pessoas são liberadas para as atividades normais.



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