29/06/2020 às 14h47min - Atualizada em 29/06/2020 às 14h47min

ADIADA A POSSE DE DECOTELLI NO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ALEMÃ TAMBÉM NÃO CONFIMA TÍTULO DE PÓS-DOUTORADO


Depois que a Universidade de Wuppertal, na Alemanha, também negou, nessa segunda-feira, que o ministro da Educação nomeado, Carlos Alberto Decotelli, tenha concluído o curso de Pós-Doutorado na instituição, o Palácio do Planalto adiou a cerimônia de posse que estava marcada para essa terça-feira, 30 de junho.
Desde quinta-feira passada, 25 de junho, quando o presidente Jair Bolsonaro apresentou, nas redes sociais, o novo ministro da Educação e seu currículo profissional e acadêmico, Carlos Alberto Decotelli vem sendo desmentido pelas universidades que constam no seu histórico de formação. Após a Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, afirmar que ele não concluiu o curso de doutorado porque a tese dele foi reprovada, nessa segunda-feira foi a vez da Universidade de Wuppertal, na Alemanha, colocar em dúvida também o título de Pós-Doutorado. Ela afirma que Decotelli esteve na universidade fazendo uma pesquisa durante três meses em 2016, no curso de uma professora que é agora emérita na instituição. Mas no currículo disponível na plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que já foi alterado depois das informações argentinas, Carlos Alberto Decotelli manteve que ele é  Pós-Doutorado, na Universidade de Wuppertal, UNIWUPPERTAL, Alemanha, no período de  2015-2017. As redes sociais de Jair Bolsonaro também não alteraram o currículo do ministro.

No fim de semana, a Fundação Getúlio Vargas  anunciou que vai "apurar os fatos referentes à denúncia de plágio na dissertação do ministro Carlos Alberto Decotelli", ao concluir o mestrado em Administração, no ano de 2008. A FGV também afirmou que está localizando o orientador do trabalho para que ele preste informações sobre o assunto. Segundo a nota, se for confirmado o procedimento inadequado, a FGV “tomará as medidas administrativas e judiciais cabíveis".

Afinal, para ser ministro da Educação precisa ter todos esses títulos incluídos no currículo de Carlos Alberto Decotelli? É exigido um diploma de professor? Não, mas o que se espera de uma pesssoa indicada para o mais alto cargo da Educação no país é que  seja honesta e que não invente um histórico da sua vida. Ainda mais quando as diretrizes e normas sobre o que ensinar para as crianças e jovens desse país são responsabilidade desse cargo.  
Com tantas exigências e comprovações até de testemunhas, o que leva uma pessoa a incluir no seu currículo títulos não concluídos nas universidades?
No Brasil, muitos médicos e advogados reinvindicam o título de “doutor” só para essas categorias profissionais, mas para uma pessoa receber a designação tão comentada nos últimos dias, o profissional tem é de estudar muito.

No meio acadêmico, os candidatos devem concluir com sucesso um programa de doutorado, que leva, no mínimo, três anos de estudo integral após o diploma de graduação. Ele deve acumular um número mínimo de créditos acadêmicos obtidos por aprovação em disciplinas de pós-graduação. O profissional também tem de ser aprovado em duas línguas estrangeiras, inglês e um outro idioma, além de passar no exame de qualificação de doutorado, antes da defesa final da tese.

Nas universidades federais, que vêm recebendo críticas infundadas desde a posse de Jair Bolsonaro, chegar aos mais importantes cargos acadêmicos requer muitos anos de estudo, dedicação e experiência dos candidatos. Segundo a Lei nº 9.192/ 1995 só pode disputar os cargos de reitor, vice-reitor e diretor de unidade universitária quem tenha o doutorado. Tudo dentro da lei, comprovado e aprovado pela comunidade universitária.

Qual será o próximo capítulo desse vergonhoso e polêmico período da Educação no Brasil? 

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