29/06/2020 às 10h09min - Atualizada em 29/06/2020 às 10h09min

​MACRON NÃO PERDE TEMPO

PORQUE NÃO QUER PERDER O AMBIENTE


Macron sentiu na carne o resultado eleitoral (segundo turno) desse domingo, 28, em quase 4.600 municípios franceses (são 36 mil no total), em que os candidatos que defendem o meio ambiente, aliados em uma frente de esquerda, tiveram ampla vitória.
O chefe de Estado, que recebeu os 150 membros da Convenção dos Cidadãos no Palais de l’Elysée, na segunda-feira, disse que estava pronto para consultar os franceses em 2020, depois em 2021, sobre questões relacionadas à luta contra o aquecimento global.
Emmanuel Macron mostrou que é o mestre dos relógios. Mal o segundo turno das eleições municipais terminou, mostrando o forte aumento de candidatos ambientais nas grandes cidades, ele procurou recuperar o controle e começar imediatamente a disputar espaço na área ambiental.
Diante dos 150 representantes da Convenção do Clima do Cidadão, reunidos na manhã desta segunda-feira, 29, no Palácio do Eliseu, Emmanuel Macron prometeu realizar não apenas um, mas dois referendos sobre o meio ambiente. Foi como cortar a grama sob os pés (ou puxar o tapete) daqueles que duvidam de sua, digamos, ‘conversão verde’. O primeiro referendo deve ocorrer "até 2021", explicou ele em seu discurso, e tratará da introdução dos conceitos de "biodiversidade, meio ambiente, luta contra o aquecimento global" no artigo 1º da Constituição. Um assunto suficientemente consensual para permitir que ele passe pela Assembleia Nacional e pelo Senado, que devem ser consultados previamente.
Mas Macron surpreendeu também ao se comprometer a "deixar aberta a possibilidade de realizar um referendo a partir de 2021 com base no artigo 11 da Constituição, sobre um ou mais textos de leis", incorporando propostas da Convenção. Macron não diz que medidas poderiam ser votadas pelos franceses, mas promete apresentar "no final do verão" um projeto de lei específico que incorpore várias propostas. "A partir de amanhã, criaremos grupos de trabalho e, a partir do próximo mês, o presidente da Assembleia Nacional receberá vocês", afirmou.
A verdade nua e crua é que Macron ficou apavorado com o resultado eleitoral, amplamente negativo para o seu governo. E está tentando desesperadamente recuperar a área verde que perdeu.

A partir de reportagem de Cedric Pietralunga no Le Monde.
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