As eleições municipais francesas deste ano trouxeram um resultado inesperado: ausência de eleitores em todos os 4.820 municípios em que houve eleição (são 36.683 os municípios franceses; o Brasil tem 5.570 municípios). O segundo turno, realizado nesse domingo, dia 28 (mais de três meses após o primeiro, devido à crise do coronavírus), estabeleceu um novo recorde de abstenção. A ausência de eleitores no primeiro turno já tinha sido alta (55,7%), mas a desse domingo foi pior (59%). Foram 4.820 municípios afetados por essa votação, realizada em condições especiais entre o distanciamento físico, o uso de máscara e a presença de álcool-gel nos locais de votação. Mas o mais interessante é que talvez o coronavírus tenha afastado preferencialmente o eleitor da direita, principalmente nas grandes cidades. Em Paris, a socialista Anne Hidalgo (grande apoiadora de Lula) foi a grande vitoriosa. Aproximadamente 49% dos votos, contra 33,8% de Rachida Dati e 13,3% para Agnès Buzyn. Deve contar com 100 assentos para a sua coalizão, contra 50 para a direita dos Republicanos e de uns poucos para os apoiados por Macron. Em Lyon, Grégory Doucet, da coalisão de esquerda, teve 52,40% (contra 30,80%). Em Ródano, os Verdes devem ter mais de 50 assentos em 73. E por aí vai. Uma vitória monumental das esquerdas unidas e uma derrota bem acima do esperado do presidente Emmanuel Macron.