19/06/2020 às 18h12min - Atualizada em 19/06/2020 às 18h12min

NÃO ARRUMA A MALA NÃO, WEINTRAUB!

PARLAMENTARES PEDEM QUE EX-MINISTRO SEJA PROIBIDO DE SAIR DO BRASIL

Ele perdeu o cargo, mas não abandonou a arrogância de sempre. O ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse, nessa sexta-feira, que vai deixar o Brasil em “poucos dias”. “Aviso à tigrada e aos gatos angorás (gov bem docinho). Estou saindo do Brasil o mais rápido possível (poucos dias). NÃO QUERO BRIGAR! Quero ficar quieto, me deixem em paz, porém não me provoquem”, escreveu o ex-ministro no Twitter.

Em entrevista à CNN, Weintraub disse que está indo para Washington, para assumir uma diretoria do Banco Mundial. E voltou a dizer que vem sofrendo ameaças de morte. “A prioridade total é que eu saia do Brasil o quanto antes”. Mas mostrou que existem outros motivos . “Agora é evitar que me prendam, cadeião e que me matem”.

O Supremo Tribunal Federal vai permitir essa viagem para fora do país já que ele é um dos investigados no inquérito das fake news? O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) nem esperou uma manifestação do STF. Na manhã dessa sexta-feira, ele protocolou um pedido no Tribunal para que o ex-ministro seja proibido de sair do Brasil. A medida cautelar também pede que o passaporte de Weintraub seja apreendido. Um grupo de deputados do PT também encaminhou ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, um pedido para que o passaporte do ex-ministro da Educação seja retido. Assinam o documento os deputados federais Paulo Pimenta (PT-RS), Padre João (PT-MG), João Daniel (PT-SE), Alencar Santana (PT-SP) e Rogério Correia (PT-MG). “Tenho comigo que ele pode vir a querer fugir. Ele tentou habeas corpus no Supremo Tribunal Federal e não conseguiu”, argumentou Correia, em entrevista à Rádio Itatiaia. 

Logo depois que Abraham Weintraub anunciou a saída do ministério da Educação e o “convite” para assumir uma diretoria no Banco Mundial, em um vídeo ao lado do presidente Bolsonaro, nessa quinta-feira, surgiram as reações negativas à indicação. Profissionais que já fizeram parte do Banco, se mostraram “chocados” e até fizeram uma previsão que o Brasil pode virar “uma piada internacional”.

Em nota, o economista Aloísio Mercadante, ex-ministro dos governos dos presidentes Lula e Dilma Rousseff, afirmou. “Embora as indicações do Brasil ao Banco Mundial nunca tenham sido rejeitadas, creio que a nomeação do inacreditável Weintraub terá um caminho difícil”. Mercadante lembrou que Weintraub vai ter que ser aceito pela Colômbia, Filipinas, Equador, República Dominicana, Haiti, Panamá, Suriname e Trinidad e Tobago que  podem não se sentir “confortáveis sendo representados por uma figura nula, caricatural e com problemas na justiça como Weintraub”. O que será que a China está achando da pretensão do ex-ministro Weintraub, aquele que está sendo processado por racismo por ofender o povo chinês? 

“A China, depois das últimas mudanças na estrutura de poder do Banco Mundial, já tem o terceiro maior poder de voto. Me parece que a China não vai aceitar passivamente a nomeação de Weintraub, um sujeito completamente despreparado, que declarou publicamente seu ódio aos “comunistas chineses”, analisa Mercadante.

Nos 14 meses que ficou no poder, o economista Abraham Weintraub mostrou um perfil incompatível com o Código de Conduta do Banco Mundial que exige respeito a todos os países membros, não interferência, grande preparo técnico e perfil discreto nas redes sociais. O Twitter está aí mesmo para provar a maneira que Weintraub tratou os defensores da Educação Pública como o caminho para o crescimento de um país, a Ciência e a democracia. Sem falar nos ataques às diferentes raças, suas características e heranças. 

“Ter trabalhado no Banco Votorantim não o qualifica para ser diretor do Banco Mundial. São coisas completamente diferentes. O Banco Mundial é uma instituição multilateral. Os diretores, além de economistas de renome, têm de ser também especialistas em relações internacionais e ter grande habilidade diplomática para lidar com os inúmeros interesses representados na instituição. Um perfil oposto ao de Weintraub. Em todo caso, se Weintraub for aprovado, causará um estrago enorme ao Brasil, aos demais países representados e ao Banco Mundial”, ressaltou Aloísio Mercadante.

Abraham Weintraub também deve estar com pressa de assumir essa diretoria-executiva do Banco Mundial, de olho na sua conta bancária. Como ministro da Educação ele recebia um salário de R$ 31 mil. Em plena crise agravada com a pandemia do coronavírus, em Washington ele receberá quase o equivalente a R$116 mil por mês. Que prêmio é esse para quem só pensou em cortar as verbas paras universidades federais, reduzir as oportunidades nos cursos de pós graduação e deixar à míngua cientistas e pesquisadores brasileiros? Que a China e os outros países avaliem bem essa indicação do governo Bolsonaro para o Banco Mundial. 

E aqui no Brasil, sai um ministro, mas não há esperança de mudança de rumo no ministério da Educação. Quem assume, interinamente, é o atual secretário-executivo, Antonio Paulo Vogel de Medeiros.

 

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