12/06/2020 às 10h45min - Atualizada em 12/06/2020 às 10h45min

EMBAIXADOR AMERICANO CONFESSA:

USAMOS O BRASIL PARA NOS PROTEGER DA CHINA


Os interesses “ocultos” dos Estados Unidos de Trump no Brasil nunca ficaram tão claros como estão agora. E foi dito por alguém que conhece o Brasil e suas entranhas, o embaixador Todd Chapman. Na sua carreira, Chapman teve como foco a promoção do desenvolvimento econômico e parcerias na área de segurança em várias partes do mundo. Já trabalhou como vice-secretário adjunto principal para Assuntos Políticos e Militares no Departamento de Estado (2014-2016), foi vice-chefe de Missão na Embaixada dos Estados Unidos em Brasília (2011-2014), foi coordenador adjunto sênior para Assuntos Econômicos da Embaixada dos Estados Unidos em Cabul, Afeganistão (2010-2011), e foi encarregado de negócios na Embaixada dos Estados Unidos em Maputo, Moçambique (2007-2010). Também serviu na Bolívia, Costa Rica, Nigéria e Taiwan, além de ter ocupado diversos cargos no Departamento de Estado em Washington, D.C.
Chapman veio pela primeira vez ao Brasil em 1974, quando a empresa americana em que seu pai trabalhava transferiu a família para São Paulo. Frequentou a Escola Maria Imaculada, onde se formou em 1980. Antes de ingressar no corpo diplomático, atuou na área financeira em Nova York e na Arábia Saudita, e, depois, como consultor no Brasil e em sua cidade natal, Houston, no Texas. Chapman, no total, morou 11 anos no Brasil. É formado em História pela Universidade de Duke (1983) e concluiu em 2000 um mestrado em Inteligência Estratégica na Escola Nacional de Inteligência.
 
Os Estados Unidos de Todd Chapman já discutem com o governo brasileiro e com empresas nacionais o financiamento para compra de equipamentos da Ericsson e da Nokia para a infraestrutura da rede 5G no Brasil (Nota: até 2022, calcula-se que a velocidade do 4G será de 27 Mbps (atualmente é 17 Mbps) e a do 5G chegará a uma taxa de 94 Mbps). E, segundo o próprio embaixador americano, esse tipo de financiamento é do interesse da “segurança nacional”... dos Estados Unidos! O interesse específico do Brasil não foi posto em questão, embora se possa imaginar.
A ideia é evitar que empresas chinesas como a Huawei forneçam equipamentos às operadoras de telefonia brasileiras, para que seja possível “proteger os dados e a propriedade intelectual, e também as informações sensíveis das nações”, diz ele.
O financiamento se daria através do International Development Finance Corporation, banco de fomento criado por Trump no final de 2018, que age como contraponto à iniciativa Cinturão e Rota da China e o crédito do Banco de Desenvolvimento da China para obras de infraestrutura em outros países. Chapman “sutilmente” ameaça: argumenta que permitir empresas chinesas na estrutura de 5G do país poderia, inclusive, inibir investimentos de outras companhias estrangeiras (americanas?). “Quem quer fazer investimentos em países onde sua informação não vai ser protegida?”
 
Bolsonaro deve aproveitar para exigir em troca a sua tão sonhada participação no G7 ampliado. Ou será que é exatamente o que Trump está fazendo, criando dificuldades para a entrada do Brasil no G7 com o objetivo de garantir a adesão do Brasil ao 5G americano?
 
Os gigabytes sempre arrebentam do lado do mais fraco...
 
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