04/06/2020 às 15h59min - Atualizada em 04/06/2020 às 15h59min

JÁ NÃO BASTA O CORONAVÍRUS MATAR MAIS DE 32.000 PESSOAS?

E DAÍ? BOLSONARO PROMETE “MELHORAR” LEGISLAÇÃO DAS ARMAS


O que deveria fazer nas 24 horas do dia o presidente de um país que se torna um dos epicentros da pandemia do coronavírus no mundo? O normal seria se preocupar ainda mais em garantir a vida das pessoas, defender o isolamento social, trabalhar para evitar aglomerações que só facilitam a propagação do coronavírus que já matou mais de 32.000 pessoas e infectou 584.016, segundo o relatório do  ministério da Saúde divulgado, nessa quarta-feira. O presidente deveria coordenar as ações de combate à pandemia implantadas pelos governadores e prefeitos e garantir o sustento das pessoas mais vulneráveis que não têm como conseguir dinheiro para comprar comida  e sobreviver. 
Mas no Brasil que tem Jair Bolsonaro como presidente da República acontece tudo ao contrário. Nessa quinta-feira, ao sair do Palácio da Avorada, Bolsonaro só quis    saber de armas. Em conversa com atiradores e colecionadores, ele prometeu flexibilizar ainda  mais a posse e o porte de armas no Brasil.“Até amanhã, haverá novidades. Dá para melhorar mais ainda. Tinha problemas na Justiça que eu nem sabia, boicotaram”, argumentou Bolsonaro. E para deixar a turma que “adora” uma arma mais feliz, continou fazendo promessas de mudanças na legislação do armamento. “Vamos ver o que mais pode ser feito para os CACs [colecionadores, atiradores e caçadores] aí, no que depende de mim.”
E a vida das pessoas mais pobres? A resposta veio na portaria publicada no Diário Oficial da União. O governo tirou R$ 83 milhões do Bolsa Família e relocou na secretaria de Comunicação, aquela que está sendo alvo de investigações na CPMI das Fakenews  acusada de ter investido dinheiro público para vincular R$2 milhões 
de anúncios publicitários em canais com “conteúdo inadequado”. São páginas que difundem fake news, jogos de azar e até sites pornográficos. Para agravar ainda mais esse corte na verba para atender as pessoas que vivem na extrema pobreza, o maior corte no Bolsa Família foi feito no Nordeste. No Brasil de hoje, os governadores e prefeitos são alvos frequentes do presidente porque preferiram dar prioridade à vida da população e não aceitaram a “pressão” de  Bolsonaro para liberar geral o comércio e “salvar” a economia, que já estava em situação difícil antes mesmo da pandemia. Nessa quarta-feira, Bolsonaro vetou o repasse de R$ 8,6 bilhões para o combate ao coronavírus nos estados e municípios que é o saldo remanescente do Fundo de Reservas Monetárias. Em maio, ao analisar a medida provisória editada por Bolsonaro para acabar com o fundo, o Congresso tinha destinado esse dinheiro para o combate à pandemia. 
O presidente da Câmara, deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi surpreendido pelo veto. “A impressão que eu tive, na hora da votação, é que existia um acordo do governo com os parlamentares para votar a matéria destinando aqueles recursos. Tanto que eles tinham colocado um artigo que nós retiramos, que isso tinha que estar vinculado ao fim do isolamento”, disse Maia.
O Congresso ainda pode mudar a situação, mas a data para decidir sobre a possível derrubada do veto ainda não está marcada. 
Enquanto isso, alguns governadores e prefeitos  cedem à pressão do governo e começam a suspender algumas medidas restritivas de circulação das pessoas, mesmo que os cientistas e pesquisadores alertem que esses primeiros dias de junho são os piores para a propagação do coronavírus. 
E daí? 

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