Como explicar para uma menina de seis anos por que o mundo inteiro está falando o nome do pai dela, que há uma semana não aparece em casa? “Eu escuto o nome do papai o tempo todo na TV”, disse Gianna, a filha de seis anos de George Floyd, para a mãe, Roxie Whashington. Como falar para Gianna que o pai dela foi brutalmente assassinado por um policial que é pago para defender a população? O ex-jogador de Basquete, Stephen Jackson, publicou, nessa quarta-feira, nas redes sociais, um vídeo que mostra a família de Floyd visitando o local onde ele foi torturado e morto, na semana passada, pelo policial Derek Chauvin, em Minneapolis, Estados Unidos. Apesar dos pedidos de socorro de Floyd, que avisava que não conseguia mais respirar, o policial asfixiou o homem negro de joelhos. A mãe de Gianna lamentou a falta que Floyd vai fazer na vida da menina. “ Ele nunca vai ver ela se formar. Ele nunca vai subir com ela no altar. Se ela tiver um problema, ela não pode mais chamar o pai”, lamentou Roxie Washingnton, em entrevista nessa terça-feira. No vídeo, Gianna aparece nos ombros do tio, com um sorriso, falando. “O papai mudou o mundo”. A inocência de uma criança nem imagina como vai ser difícil o mundo conseguir acabar com o racismo. A morte de George Floyd desencadeou protestos contra o racismo e o fascismo nos Estados Unidos que não param. A campanha #BlackLivesMatter disparou na internet e foi reforçada em todo o mundo. No Brasil, onde milhares de famílias também sofrem com a perda dos filhos, pais, irmãos e amigos causada pela violência policial, a hastag #VidasNegrasImportam invade as redes sociais. As nações indígenas que desde o início do governo Bolsonaro sofrem com o aumento de invasões de suas terras, constantes ataques às aldeias e ameaças contra vida de seu povo, também usam a internet para denunciar e pedir socorro ao mundo com a hastag #VidasIndígenasImportam. Enquanto Gianna sonha que o pai dela mudou o mundo, os racistas e fascistas não dão trégua. O que dizer para as crianças e jovens negros brasileiros que o presidente da Fundação Palmares, que leva o nome do maior quilombo da era colonial no país, xinga Zumbi dos Palmares, o líder da resistência contra a escravidão, em 1680? Como eles vão entender que Sergio Camargo, um homem negro, chama de “escória maldita” o movimento negro que combate o racismo no país? A luta é difícl, mas precisa ser fortalecida nesses tristes dias que vive o Brasil.
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