28/05/2020 às 12h52min - Atualizada em 28/05/2020 às 12h52min

BOLSONARO: ORDEM ABSURDAS NÃO SÃO PARA SEREM CUMPRIDAS

MINISTRO DA JUSTIÇA TENTA LIVRAR WEINTRAUB E “GABINETE DO ÓDIO”.


O termômetro político esquenta a útima quinta-feira de maio, em Brasília. Ao sair do Palácio da Alvorada, visívelmente irritado, o presidente Jair Bolsonaro reagiu à operação da Polícia Federal, nessa quarta-feira, determinada pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, que faz parte do inquérito para apurar ataques e notícias mentirosas contra a democracia, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. “Não haverá outro dia como ontem. Ordens absurdas não são para serem cumpridas”, mandando recado à Polícia Federal e já adiantando sobre futuras operações. Em relação aos mandados de busca e apreensão serem dirigidos às pessoas ligadas ao chamado “gabinete do ódio”, Bolsonaro disse que o objetivo foi para atingir a única mídia favorável ao governo dele e que alguns querem tirá-lo da presidência para “voltar a roubar”. “ Eu peço a Deus que ilumine as poucas pessoas que ousam se julgar melhor e mais poderosas que as outras, que se coloquem no seu devido lugar, que nós respeitamos (...) Não podemos falar em democracia sem um Judiciário independente, sem um Legislativo independente, para que possam tomar decisões não monocraticamente (…) Mas as questões que interessam o povo, que tomem, mas de modo que seja ouvido o colegiado. Acabou, porra!’. Bolsonaro fez um pronunciamento, até voltou a se irritar com o repórter que tentou fazer uma pergunta. É bom lembrar que equipes de várias empresas de comunicação não estão fazendo mais plantão na porta do Palácio da Alvorada justamente por esses ataques do presidente contra a imprensa. E Bolsonaro sempre tem a “ ajuda” da claque fascista. E tinham apoiadores dele lá.
Ainda de madrugada,o ministro da Justiça, André Mendonça, pelo Twitter, informou que entrou com um pedido de Habeas Corpus junto ao STF para garantir a liberdade de expressão dos cidadãos. André Mendonça disse que “de modo mais específico” do ministro da Educação, Abraham Weintraub, e também das demais pessoas envolvidas no inquérito 4781, que deu origem à operação da Polícia Federal. Segundo o ministro da Justiça, o pedido de Habeas Corpus “também visa preservar a independência, harmonia e respeito entre os poderes”. Nessa segunda-feira, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, determinou que Weintraub preste depoimento à Polícia Federal, no prazo de cinco de dias, sobre as declarações e ataques ao Supremo Tribunal Federal  que fez na reunião ministerial, no dia 22 de abril. No vídeo, o ministro da Educação chama de vagabundo todos de Brasilía e que tinham que ser presos, ao começar pelo STF. Ex-juiz federal, o governador do Maranhão, Flávio Dino, reagiu ao ministro da Justiça, também pelo Twitter. “ Não há dúvida de que a liberdade de expressão é assegurada. Porém, diz a Constituição que todos respondem pelos crimes e danos morais derivados dos seus atos. A não ser que os agressores sejam inimputáveis. Não creio que seja o caso “.
Na noite dessa terça-feira, enquanto o pai se reunia com os ministros  para definir a resposta ao STF, o filho “03”,  deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), participava de um programa na internet comandado por Allan dos Santos, um dos investigados por Alexandre de Moraes. Eduardo Bolsonaro fez claras ameaças à democracia. 

As reações às ameaças do deputado federal filho de Bolsonaro invadiram as redes sociais. “ Eduardo Bolsonaro é um criminoso repugnante. Acha que suas ameaças de fechar o STF, novo AI-5, ou de "ruptura institucional" não têm consequências. A democracia é um patrimônio do povo brasileiro. Muitos deram a vida por ela. Não será um deputado desqualificado que irá ameaçá-la”, publicou o PSOL, no Twitter. 
A presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), cobrou providências dos outros poderes. “Brasil registra o maior número de mortes (1086) por covid no mundo e família Bolsonaro com seus apoiadores anunciam ruptura institucional e fazem ameaças até de violência física. O Supremo e o Congresso ficarão olhando? Esperarão o jipe, o cabo e o soldado? ”, questionou Gleisi. O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, rebate a “confissão” do filho “03”. “Eduardo Bolsonaro confessa a existência de um movimento para promover a ruptura democrática. A índole ditatorial da família continuará sendo contida pelas instituições e eles provavelmente seguirão os "esperneios autoritários", sem lastro, sem argumento e principalmente sem moral”, disparou o advogado. 


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