Ontem, 22 de maio de 2020, o Brasil pôde descobrir um pouco mais o que é o país de Bolsonaro e seu bando. Não é um país selvagem, com suas matas indevassadas e repleto de índios amigáveis, curiosos, de braços abertos para um futuro inimaginável. Aliás, inimaginável é a palavra certa. Eu, você, o casal de máscara e touca na internet, os apresentadores do telejornal, a veterinária dando consultas online aos gatos, os jovens caminhando da porta para a janela para a porta na quarentena matinal, nem mesmo os batedores de panela das 20,30h, ninguém, mesmo, poderia imaginar o 22 de abril de 2020.
Foi um choque. A gravação da reunião dos coordenadores da tribus brasiliensis da era Bolsonaro foi bem além da imaginação. Não tanto pelo trecho que todos já sabiam, aquele onde o pretenso paxá berrava em todas as direções, que iria salvar de qualquer maneira as “traquinagens” do filho, o trecho onde Bolsonaro ameaçava interferência na Polícia Federal para proteger filhos, amigos & esquemas milicianos. Todo o encontro foi a descoberta da selvageria (pedimos perdão aos selvagens) governamental. Como disse o colunista Jeferson Miola, referindo-se ao encontro gravado, "catalogar aquele aglomerado de gângsteres de 22 de abril como uma ‘reunião ministerial’ é um eufemismo para aquilo que mais se parece com um ‘encontro de alinhamento’ do ‘Escritório do Crime’, a organização miliciana que domina o território de Rio das Pedras, no Rio". Talvez seja ainda pior, porque, do Escritório do Crime, não se espera outra coisa – mas nós, que temos a responsabilidade de garantir um futuro melhor para os nossos 22 de abril, não poderíamos ter deixado essa coisa chegar ao poder. Como seríamos vistos pelos nossos “selvagens” de 1500?