20/05/2020 às 20h19min - Atualizada em 20/05/2020 às 20h19min

​LULA PEDE DESCULPA PELA “FRASE INFELIZ” EM ENTREVISTA A MINO CARTA

EX-PRESIDENTE REBATE A MÁ-FÉ DE QUEM TENTOU DESVIRTUAR O QUE ELE FALOU

 
O ex-presidente Lula pediu desculpas, nesta quarta-feira, 20, por ter usado as palavras “ainda bem” ao começar uma frase  para mostrar a importância do SUS na pandemia do coronavírus, durante a entrevista que concedeu ao jornalista Mino Carta, em uma live da Carta Capital, no dia anterior.
O pedido foi feito na Rádio Brasil Atual, ao ser questionado pela jornalista Marilu Cabañas sobre a repercussão negativa, até na página oficial dele. A jornalista leu a frase inteira para que ele comentasse. “Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus, porque esse monstro está permitindo que os cegos comecem a enxergar que apenas o Estado pode dar soluções a determinadas crises como essa do coronavírus. Somente o Estado pode resolver isso, como foi em 2008”.

Lula agradeceu à jornalista por ter lido a frase e se desculpou. “Se eu tivesse usado ‘infelizmente’, não teria tido problema. Eu tentei usar umas palavras para falar que depois de ter sido tão menosprezado no Brasil, o SUS, desde a sua criação em 88, é no auge da crise que a gente começa a descobrir a importância de ter uma instituição pública cuidando da saúde. Foi isso que tentei dizer e utilizei uma frase totalmente infeliz que não cabia. Se algum dos 210 milhões de brasileiros se sentiu ofendido, eu acho que a palavra desculpa foi feita para a gente utilizar com muita humildade”, falou o ex-presidente. E ressaltou a importância do pedido. “Sou um ser humano movido a muito coração e sei o sofrimento que causa a pandemia. Eu sei o sofrimento que causa a uma pessoa ver o seu parente ser enterrado sem poder acompanhar”.

Lula aproveitou para reafirmar a importância do isolamento social. “Estou preso em casa desde o dia que cheguei. Viajei dia 29 de fevereiro e voltei dia 12 e não saí. Nem vi a minha netinha que nasceu há dois meses, nem meu neto, nem meus filhos, porque acredito que, enquanto não tiver remédio, a melhor solução para não pegar a doença ou não passar para os outros é ficar em casa. Eu acredito piamente”.

Ao reafirmar o pedido de desculpas, Lula rebateu quem tentou desvirtuar o que ele falou. “Eu peço desculpas às pessoas por ter usado as duas palavras “ainda bem” que não cabiam na frase, mas não posso aceitar a má-fé de quem tentou, a partir daí, achar que eu estava comemorando a pandemia”. Lula até citou uma matéria da TV Globo que, nessa terça-feira, 19,  mostrou a recuperação do mar e o aparecimento de golfinhos durante a crise para comparar com o que as emissoras de televisão fizeram com a frase dele. Disse que jamais ia falar que estavam comemorando. “Todos nós que somos responsáveis temos que ter uma preocupação enorme a partir dessa crise. A gente vai ter que ser mais solidário, mais companheiro. Uma meia dúzia não pode ganhar tudo e bilhões não ganhar nada”. Sem citar a TV Globo, Lula foi direto: “Embora esteja pedindo desculpas ao povo que se sentiu ofendido, eu não dou o direito de nenhum mau caráter de má-fé, que há mais de 10, 15 anos só fala mal de mim, venha tirar proveito de uma coisa que eles sabiam o que eu estava querendo falar. A minha vantagem é que eu tenho 74 anos, conheço muito o Brasil e o povo me conhece. Se tem um cara que tem sentimento sou eu. Quando estava governando, eu dizia: se você quer acertar no governo, governe com um coração de mãe. Não há nada mais justo do que uma mãe no trato com seus filhos. A crise do coronavírus é isso. O Estado brasileiro precisa ser a mãe da sociedade brasileira. Não é proibir, é orientar para que a gente possa viver dignamente”.

Ao final da entrevista, Lula se solidarizou com as famílias das vítimas do coronavírus e mandou recado para quem ataca ele. “Podem continuar com a má-fé de vocês porque os bons vencerão”.
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