Que Bolsonaro pretende dar um golpe, não há mais dúvida. Suas palavras e atitudes apontam claramente nessa direção. Ontem, disse com todas as letras, todas as sílabas e todas as palavras: “Chegamos no limite, não tem mais conversa. Daqui pra frente, não apenas exigiremos, faremos cumprir a Constituição. Ela será cumprida a qualquer preço. E ela tem dupla mão, não é um lado só, não. Amanhã nomeamos outro diretor da PF e o Brasil segue o seu rumo aí”.
Por que esse tom ameaçador, se ele pretende – como é seu dever – “cumprir a Constituição”? A Constituição existe exatamente para se opor a essas ameaças baratas, vulgares, idiotas feitas por qualquer pessoa, principalmente se “essa pessoa” ocupa o cargo de presidente da República do Brasil. É simples cumprir a Constituição. Mas Bolsonaro parece não entender nem mesmo as coisas mais elementares. Ou melhor: Bolsonaro não está interessado em entender qualquer coisa que não seja dentro do entendimento que tem. Ele lembra aquele “vice” da embaixada americana em Brasília, James Derham, que, em maio de 1999, quando os carros e até a gasolina da estrutura da Polícia Federal brasileira eram doações da CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos), declarou: “O dinheiro é o nosso, portanto as regras são as nossas”.
Bolsonaro é uma figura ultrapassada, um capitão que sonha voltar ao passado da ditadura militar. Felizmente, nossos militares de hoje honram o uniforme que vestem respeitando a Constituição.