29/04/2020 às 19h17min - Atualizada em 29/04/2020 às 19h17min

​“TROPA DE CHOQUE” DE BOLSONARO SÓ AUMENTA A TENSÃO

GOVERNADORES MANDAM RECADO E REAFIRMAM A DEFESA DA VIDA

Deputados fiéis ao presidente Bolsonaro saíram em campo, nessa quarta-feira, e engrossaram  a “claque” que ataca e faz chacota com os jornalistas durante entrevistas, no Palácio da Alvorada. Na noite de terça-feira, a maneira que Bolsonaro respondeu aos repórteres sobre o aumento considerável no número de mortes causadas pelo coronavírus, que ultrapassou até os casos na China, causou revolta e indignação. “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”. Escoltado por uma “tropa de choque” de nove deputados federais, Bolsonaro, mais uma vez, reclamou da imprensa e atacou os governadores e prefeitos que implantaram o isolamento e transferiu para eles a culpa pelas mortes causadas pela pandemia. “Vocês não vão botar no meu colo essa conta”, avisou. A tropa de choque defendeu o presidente, ressaltou que  Bolsonaro desde o início lutou pela vida da população, mas rapidamente partiu para o objetivo principal: culpar o isolamento pela alta do desemprego e a paralisação da economia. Exaltadas, algumas deputadas até citaram dados sobre a contaminação no país sem qualquer  fundamento. 
O economista Vitor Kayo, da MCM Consultores, comparou cinco estudos sobre o isolamento socal, em diferentes países. A análise do economista derruba os argumentos dos que querem todo mundo na rua e a volta da normalidade. Segudo matéria publicada pelo UOL, as medidas de isolamento social para conter a pandemia do coronavírus impactam a economia, mas no primeiro momento. A análise ressalta que o custo final do isolamento social é menor do que se o governo permitir a volta da atividade econômica e a contaminação se alastrar. No curto prazo, a quarentena pode aprofundar a recessão, mas ao longo prazo a economia vai se beneficiar porque os custos vão ser compensados. A saúde da população foi um ponto destacado nos estudos.
 Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes,  e a turma deles atacam os governadores e prefeitos, mas pela análise de Vitor Kayo, ele vão ter até que agradecer. Como o Brasil implantou as medidas de isolamento social  relativamente cedo, a decisão dos estados e municípios pode trazer uma vantagem para a economia, quando a pandemia passar. Mas tudo vai depender se as medidas conseguirem deter a mortalidade e como vai ser o planejamento estratégico para o Brasil sair do isolamento e voltar à normalidade.
Se depender dos governadores, ainda está longe esse dia acontecer. O governador de São Paulo, João Doria,  reagiu aos ataques de Bolsonoro e já avisou que a flexibilixação está difícil.“ Não há a menor condição de flexibilização com o isolamento de 48%. E envidentemente com os riscos de colapso dos hospitais da capital e região metropolitana”. Para Bolsonaro, Doria mandou um recado. “Saia da bolha, da fábula e do mundinho do ódio. Percorra hospitais e seja solidário com a realidade do seu país”. O governador da Bahia, Rui Costa, um dos primeiros a implantar as medidas restritivas, foi direto nas críticas a Bolsonaro.“Queria que o presidente parasse de agredir governadores e prefeitos para começar a governar com seriedade e responsabilidade. E daí? Vamos ter respeito pelas vítimas. Neste momento temos de unir o povo brasileiro em favor da vida”. 
Segundo o relatório do ministério da Saúde sobre o coronavírus,  divulgado no início da noite dessa quarta-feira, o Brasil registrou 449 mortes nas últimas 24h e 6.276 pessoas morreram em conseguência da contaminação.

 
Leia mais no UOL
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »