Nesse mundo da política de baixo nível onde sapateiam Bolsonaro e Sérgio Moro, o presidente da República, apesar das dificuldades oratórias, foi mais convincente do que o ex-ministro da Justiça.
Cercado de todos os seu ministros, Bolsonaro resolveu fazer um histórico completo do affair com Moro. Falou confusamente, falou do primeiro homem na lua, a descoberta dos caminhos marítimos para a Índia, dos últimos jogos do campeonato português, mandou um abraço para Trump, enfim, mostrou toda a sua dificuldade de comunicação, cercado de todos os seus ministros. Apesar disso, inacreditavelmente, é mais fácil acreditar nele do que no texto altamente elaborado por Moro.
Por outro lado, Bolsonaro teve mais a perder. Por uma simples questão: ele tem um desgaste monumental, enquanto Moro já virou o queridinho da classe média conservadora, talvez até com certo apoio global. Além disso, toda vez que Bolsonaro fala qualquer coisa associada a Marielle Franco, ele só tem a perder. A pergunta “Quem matou Marielle?” é poderosa e derruba qualquer argumento.
Podemos ter certeza absoluta que nenhum dos dois disse tudo que aconteceu entre eles. Nem é preciso saber. A verdade é que eles iniciaram, de forma radical, violenta, com direito a dar pontapés e puxar o cabelo, o duelo da próxima campanha presidencial. Quem sobreviver verá. E talvez constate que nenhum dos dois saiu vitorioso. Outros candidatos conservadores, como Witzel e Dória, com certeza já estão em campo tentando transformar essa troca de pontapés e facadas traiçoeiras em votos para suas próximas candidaturas.
Mas, com maior certeza, os candidatos mais à esquerda cresceram muito mais por causa de toda essa baixaria.
Quem sobreviver verá! Basta sobreviver a essa quarentena interminável!!!
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