23/04/2020 às 09h01min - Atualizada em 23/04/2020 às 09h01min

​GENERAL BRAGA NETTO ASSUME O COMANDO!

O CAPITÃO PERDEU PRO VÍRUS...


O ministro da Casa Civil, general (da reserva) Braga Netto, é o novo sanitarista político do governo Bolsonaro. Com o país imerso na crise sanitária provocada pelo coronavírus e na crise política provocada pela incompetência do capitão que ocupa a presidência da República, os militares chamaram o general. Ele é o mesmo que anos atrás foi o responsável pela intervenção no estado do Rio de Janeiro, a pedido do próprio governador Pezão que, em depoimento ao Daqui& Dali, considera-o "gente boa, competente e bom de diálogo!". Mas também não se pode esquecer que Braga Netto não fez grandes coisas durante a intervenção, além de aparentemente ter sido responsável pela paralisação das investigações para se chegar aos mandantes da morte de Marielle.

Braga Netto já tratou de reformular a estratégia do combate à pandemia em três eixos: 1) dissolver o conflito interno, 2) reconquistar o controle da comunicação sobre a administração da crise e 3) reduzir o poder de fogo de opositores – tratou de aproximar Bolsonaro dos partidos políticos (leia-se “Centrão”) com influência no Congresso. Além disso, anunciou, ontem mesmo, quarta-feira, dia 22, um plano de retomada da economia, chamado de Pró-Brasil. Um movimento que, na verdade, serviria para imobilizar Paulo Guedes, o ministro da Economia.
Braga Netto (que conta com inteira confiança de Bolsonaro) já defendeu em reuniões internas que, para ganhar a guerra contra o coronavírus, será preciso, primeiro, vencer as batalhas dentro do próprio governo. Em função disso, tratou de criar o gabinete de crise para acabar com o que chamava de “disse-me-disse’’.
 
Ele assumiu a Casa Civil em fevereiro, tornando-se o nono militar no primeiro escalão e o primeiro fardado na função, desde a ditadura militar (o último tinha sido o general Golbery do Couto e Silva, um dos ideólogos do regime e comandante do Gabinete Civil, que tinha as mesmas atribuições). Braga Netto foi observador das Nações Unidas no Timor Leste e adido na Polônia e nos Estados Unidos.​​ Como interventor no Rio de Janeiro em 2018, teve atuação marcada pela discrição.
Ele ganha cada vez mais espaço no governo. Atuou diretamente na crise entre Mandetta (que era o ministro da Saúde) e Bolsonaro. Desistiu depois que Mandetta criticou Bolsonaro em entrevista na Globo. Passou a dedicar-se mais à guerra da comunicação, levando para o Planalto o controle sobre a divulgação das ações do governo. Na coletivas, era quem falava em nome do governo e chegou a impedir que Mandetta respondesse sobre seu futuro quando foi questionado se ficaria no cargo. Depois da queda de Mandetta, aproveitou para mudar de vez a divulgação das informações oficiais. Ele já teria dito que pretende conter o que chama de "contágio’’ da crise dentro do governo e que, agora, está na fase de "tratamento" interno.
Por sua ordem, o foco das entrevistas passaria a ser positivo, como já teria sido nessa quarta, dia 22, com o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, sem a presença dos técnicos da pasta.​

Outro ponto importante na comunicação foi afastar a tensão interna chamada de “gabinete do ódio”, associado ao vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), Filho do presidente.
Braga Netto convenceu Bolsonaro de que era preciso tornar os canais de informações propositivos e que não fossem usados para ataques a adversários. Usou como exemplo o vídeo produzido pela Secom (Secretaria de Comunicação) no início da crise. No material, o Planalto pede o fim do isolamento, enquanto Bolsonaro incentiva protestos anticonfinamento. Após a publicação do vídeo, a Secom divulgou nota afirmando que o material era “em caráter experimental” e que não passou pelo “crivo” do governo – como se isso fosse justificativa que se preze...
 
Braga Netto decidiu abrir espaço para entrevistas controladas em emissoras e veículos que apoiam o governo. Isso irritou o Filho do presidente e a área ideológica do governo, que viram no ministro a personificação de um ex-ministro militar do governo crítico às ações de Carlos: o general Carlos Alberto Santos Cruz. Braga Netto passou a exercer de fato a coordenação entre as pastas, o que foi uma demanda de Bolsonaro, que entende a Casa Civil como ponto de interlocução entre os ministérios.
 
O militar passou a cobrar planejamento, cronograma e ação, cobrou Onyx sobre os problemas enfrentados no cadastramento da população para o pagamento dos R$ 600 e pediu resultados.
A ideia do plano de recuperação da economia em curto prazo também foi uma demanda do general.
Além disso, em jogada para ampliar o apoio político, Braga Netto sinalizou aos líderes do Centrão que vai atender os pedidos do bloco e colocou cargos à disposição deles.
 
Definitivamente, Braga Netto está no comando. E se a oposição não agir rápido, não haverá mais Bolsonaro para ser cassado. Quem sobreviver verá.
 
Leia também na Folha.

 
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