Bolsonaro é cheio de espertezas. Percebeu que não foi nada positivo o seu evento de rua “espontâneo”, com faixas defendendo a volta da ditadura militar, empunhando a bandeira do AI-5. Foi uma agressão direta ao Supremo, ao Congresso e a todo o povo brasileiro, uma ofensa das mais infames, um presidente (infelizmente...) eleito democraticamente exibindo um ato de força contra a democracia. Naturalmente, a ameaça de um impeachment começou a se fortalecer de forma acelerada. Representantes do Congresso, da Suprema Corte - até mesmo quem não se colocava diretamente contra Bolsonaro - passaram a se posicionar fortemente contra esse absurdo. Provavelmente até mesmo os seus superiores, militarmente falando, chegaram pra ele e disseram: “Tu tá maluco?!?! Tá se achando um ‘L’ état c´est moi’? Nós carregamos o ônus daquela maldita ditadura até hoje e tu quer piorar as coisas? Tu é presidente ou um capitãozinho de quinta categoria? Desfaz essa besteira ou tu vai acabar sendo a primeira vítima desse AI-5 que está inventando!”
Bolsonaro botou o rabo entre as pernas e hoje tratou de desfazer o “mal entendido”. Foi para seu encontro “ocasional e democrático” com nossos valorosos jornalistas. Quer dizer, encontro, sim, mas nada democrático, porque não foi um enccontro com todos os presentes. Os repórteres do Globo e da Folha foram atirados para escanteio, sem direito a perguntar, falar e, talvez, sem direito a existir. Bolsonaro fez questão de referir-se às manchetes de hoje dos dois jornais. A da Folha é: “Não queremos Negociar”, diz Bolsonaro em ato pró-golpe. E a do Globo diz: "STF, Congresso e governadores repudiam Bolsonaro". Agora é o caso de perguntar: tem alguma inverdade aí? Algo ofensivo? Claro que não – mesmo porque não existe nada mais ofensivo do que a simples existência de Bolsonaro presidente.
Continuando o encontro, ele disse coisas como: “houve uma potencialização das consequências do vírus, o pavor, uma histeria”; “lamentamos as mortes... mas é a vida, a gente vai morrer”; “esse vírus não é esse bicho de 7 cabeças todo que o pessoal fala por aí”; “a situação econômica do brasil está se agravando”; “o povo tá na rua pedindo a volta ao trabalho”.
Como assim “houve uma potencialização das consequências do vírus, o pavor, uma histeria”? Está querendo dizer que o tal do coronavírus é pura invenção? Essas milhares e milhares de mortes por toda parte do planeta é obra de ficção? As pessoas vão ressuscitar a qualquer momento? O povo tá louco para morrer trabalhando imediatamente? Infelizmente, Bolsonaro não é obra de ficção. É a triste realidade que precisa ser transformada o mais rápido possível. O melhor a fazer é o impeachment já!
