16/04/2020 às 18h34min - Atualizada em 16/04/2020 às 18h34min

​COMO VAI A SAÚDE?

O DIAGNÓSTICO ESTÁ CHEIO DE DÚVIDAS


Finalmente aconteceu mais uma obviedade do governo Bolsonaro, que tirou de vez o Mandetta do ministério da Saúde. É claro que ele ia tirar – demorou, até... -, já que Mandetta, mais do que médico, é político, deputado federal e cheio de disposição para voos mais altos.
O seu substituto é Nelson Luiz Sperle Teich, formado em Medicina pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), especialista em oncologia pelo Instituto Nacional do Câncer e doutor em Ciências e economia da Saúde pela Universidade de York, no Reino Unido. Fundou e presidiu o Grupo Clínicas Oncológicas Integradas (COI) entre 1990 e 2018.

O que mudou pra valer? Saiu um político da saúde e entrou um tecnocrata da saúde. É bom destacar que Nelson Teich foi consultor da área de saúde da campanha de Bolsonaro à presidência em 2018 e foi cotado ao Ministério da Saúde na época. Ou seja, ele tem um alinhamento político com Bolsonaro anterior. Aparentemente teria apoio da classe médica e também boa relação com empresários do setor da saúde – o que faz sentido. Há uma expectativa de que Teich traga dados que destravem debates “politizados” sobre a covid-19 – mas isso é algo impossível. Não há condições de separar o joio do trigo. Ser ministro, antes de ser um técnico, é ser político – não importa o ministério. Teich já teria atuado como conselheiro e consultor da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, atualmente comandada por sua ex-sócia Denizar Vianna.
Curiosamento, Teich não seria defensor do isolamento vertical (defendido ardorosamente por Bolsonaro), em que apenas idosos e pessoas com doenças graves são colocadas em quarentena. A defesa desse modelo teria sido um dos principais fatores de desgaste entre Bolsonaro e Mandetta, que apostou no isolamento horizontal.

Teich, em discurso de apresentação, aparenta ficar no meio termo. Mas não é bem assim. Parece ser mais um tecnocrata do que um médico. Para compreender o que isso significa, é importante ver trecho de um de seus vídeos sobre a decisão que um médico deve tomar quando tem que optar entre salvar a vida de um jovem e a vida de um idoso. Ele opta facilmente por salvar o jovem, porque o jovem teria mais anos de vida pela frente e o velho logo iria morrer de qualquer maneira. Com se a vida fosse algo tão elementar assim! Médicos salvam vidas, mas não podem aprioristicamente assumir o papel de deuses decidindo quem fica neste mundo e quem tem que partir imediatamente para outro. Não é uma decisão fácil, mas não se toma essa decisão utilizando uma calculadora eletrônica. Não existem deuses no mundo real. Muito menos no mundo político. É melhor esse “médico” tirar essas idiotices da cabeça e tratar de enfrentar o coronavírus com eficiência... e amor à humanidade.
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