09/04/2020 às 18h19min - Atualizada em 09/04/2020 às 18h19min

DINHEIRO EM TROCA DO FIM DO ISOLAMENTO?

ZEMA ANUNCIA QUE VAI REDUZIR MEDIDAS EM MINAS

Quanto vale a saúde da população? Será que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Partido Novo), tem coragem de responder essa pergunta? Nessa quinta-feira, o governador foi a Brasília pedir um auxílio financeiro ao governo federal para compensar as perdas em arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) durante a crise do coronavírus. Após se reunir com o presidente Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, Zema disse que Bolsonaro recebeu “bem” o pedido de ajuda.“ O presidente e o ministro (Paulo Guedes) reconhecem que os estados tiveram uma queda expressiva do ICMS. Aqueles (estados) que estavam com a água na altura do nariz vão afogar se não tiver algum tipo de ajuda”, declarou. E pelo jeito, Zema arrumou um jeito de não se “afogar”. Ainda no Palácio do Planalto, durante uma entrevista, o governador mineiro  surpreendeu e anunciou que vai afrouxar as medidas de isolamento. “Estamos estudando um protocolo que deveremos estar divulgando na próxima semana para que toda a liberação seja feita com os devidos cuidados, com uso de máscaras, uso de vários equipamentos, limite de pessoas por metro quadrado”, disse. O protocolo é elaborado pela Secretaria Estadual de Saúde, segundo o governador. Zema disse que aproximadamente 200 municípios já fizeram algum tipo de liberação por decisão dos prefeitos. Segundo a última atualização de casos do coronavírus, Minas Gerais tem 15 mortes  além de 117 em investigação e 121 descartados. O número de casos suspeitos notificados saltou de 51.640, no boletim anterior, para 56.807 na publicação desta quinta, aumento de 5.167 (cerca de 10%). 
A reação ao anúncio do governador Romeu Zema foi imediata. Participando de uma sessão da Câmara, pela internet, o deputado federal Rogerio Correia (PT-MG) denunciou que o governador já baixou uma portaria para abrir as escolas da rede estadual, na terça-feira que vem.


Também do PT de Minas, a deputada federal Margarida Salomão criticou o governador, pelo Twitter.“ 56 mil casos suspeitos de Covid-19 em Minas. Mesmo assim, Zema pensa que estamos em situação privilegiada, que é possível cogitar o fim do distanciamento, em gesto de submissão a Bolsonaro. Há muito Minas não via sujeito tão despreparado para a política”, disparou Margarida Salomão.
É muito surpreendente a decisão do governador mineiro, porque foi no mesmo dia que entraram em vigor medidas mais rigorosas do isolamento em Belo Horizonte. O prefeito Alexandre Kalil reforçou a importância, pelo Twitter, nessa quarta-feira. “É muito sério. Todos os estabelecimentos não essenciais estarão fechados por decreto amanhã. Quem não está entre os serviços essenciais não deve ir trabalhar”.
A grave situação financeira dos estados provocou mais um atrito entre o governo Bolsonaro e a Câmara. O presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) acusou o governo, nessa quinta-feira, de usar dados econômicos falsos para chamar de “pauta-bomba” o plano de auxílio a estados e municípios. Há duas semanas, Maia tenta votar um pacote de medidas para recompor perdas de estados e municípios na arrecadação de impostos que teria um impacto de R$ 80 bilhões nas contas da União. Segundo o governo seria de R$ 180 bilhões e traria dificuldades aos cofres públicos. O presidente da Câmara mandou recado para o Palácio do Planalto. “Nós precisamos deixar as brigas de lado e garantir que na segunda a gente tenha condições de votar um projeto com diálogo, ouvindo as críticas”, disse o deputado. "Acho que nesse momento não faz nenhum sentido o que o ministro da Economia vem fazendo (…) não aceitamos que o governo queira impor com informações falsas a sua posição. Com números verdadeiros nós topamos discutir”, concluiu Maia.

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