Quarta-feira, 1º de abril. Parece mentira, mas não é. Chega ao Aeroporto John Kennedy, em Nova York, um avião de carga russo Antonov An-124.
Até aí, poderia ser tudo natural. Mas houve surpresas, e a primeira foi a festa feita pelos controladores de voo. A segunda, é que o Antonov estava carregado com toneladas de equipamentos e suprimentos médicos. E a surpresa maior foi que um dos itens da carga era um respirador modelo Aventa-M , fabricado pela empresa russa KRET.
Acontece que essa companhia, KRET, está, desde 2014, na lista de empresas vetadas pelo Departamento do Tesouro dos EUA, medida relacionada à anexação russa da Península da Crimeia naquele ano. A operação poderia ter sido classificada como "humanitária". Mas haveria uma certa burocracia envolvida – que teve que ser “resolvida”...
Na segunda-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, ofereceu a ajuda a Trump durante um telefonema, que o americano chamou de "muito bom". Poderia ser "voo humanitário", mas o Departamento de Estado preferiu tratar como compra de material acertada pelos dois presidentes. Horas depois, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que os EUA teriam pagado metade do valor da carga e que a Rússia doou a outra metade, usando para isso recursos do fundo soberano de investimentos do país, ironicamente também alvo das sanções dos EUA.
Nos Estados Unidos, muitos acusaram a Casa Branca de Trump de servir de plataforma para uma ação de "propaganda do regime russo". Na Rússia, médicos reclamaram que o país não tem equipamentos para enfrentar o coronavírus e, portanto, não deveria estar mandando para o exterior artigos que podem fazer falta em breve.
Enfim, eles que são tão amigos que se desentendam...