Imagine só o drama do pobre Moro. Bajulando como ninguém o chefe Bolsonaro - com direito até ao título de “puxa-saco do ano” -, o ex-juiz Moro conta desesperadamente com a indicação do “chefe” para uma vaga no Supremo. Ele fez as contas nos dedos e descobriu que, agora em novembro, vai abrir a vaga de Celso de Mello, que completará 75 anos e terá aposentadoria compulsória. Com pesquisas debaixo do braço, mostrando que ele estava melhor na foto do que Bolsonaro, Moro deixou claro que o modo ideal de tirá-lo da disputa presidencial seria mandá-lo para aquele empreguinho garantido pelo menos até 2052. Tudo correndo bem, tudo dentro do plano. Moro toda noite antes de dormir ia no calendário de cabeceira e marcava um x, lembrando que no dia seguinte seria um dia a menos de espera. Sua mulher, Rosangela Moro, aparentemente não percebia esse desespero, essa necessidade extrema que Moro tinha de agradar Bolsonaro. Tem mulher que é cega...
Na última terça, dia 31, Dona Rosangela acordou cheia de ideia na cabeça. Foi lá no Twitter e mandou: "Essas medidas de isolamento e quarentena, previstas na Lei do Coronavírus aprovada em fevereiro, devem ser aplicadas, inclusive observando a própria dinâmica da doença. Se você chega doente em um médico, se tem uma doença rara, você não quer ouvir um médico? @henrique mandetta tem sido o médico de todos nós e minhas saudações são para ele. In Mandetta I trust.”
Em outras palavras, mandou o patrão do marido, que por acaso é o presidente do Brasil, ir procurar as negas dele. Quando acordou para o tweet da mulher, Moro entrou em desespero. Mandou apagar na hora. Ela atendeu imediatamente, mas era tarde. Seu tweet já estava obviamente fotografado e, possivelmente, até registrado em cartório. Aqui mesmo temos reprodução. Desculpa, Moro, in Twitter we trust...
(na imagem ao alto, Moro abatido – como teria ficado após condenar Lula...)
