Vamos falar sério. Aquele grupo de militares ocupando o Palácio do Planalto não foi pra lá de graça, apenas pelos belos olhos de Bolsonaro. Na verdade, foram para lá para ficar de olho em Bolsonaro...
Aquele chilique do general Augusto Heleno, quando mandou um “Fodam-se!” contra o Congresso foi a primeira grande deixa. Depois teve aquela cena em que Bolsonaro discute com Doria, enquanto Mourão balança a cabeça em desaprovação.
A produção da gravação tratou de corrigir a câmera, tirando Mourão de cena, porque estava pegando muito mal. E o toque final foi Mourão dirigindo-se ao país para declarar que, ao contrário do que dizia Bolsonaro, o Governo Federal tinha decidido que a forma de combate ao coronoravírus seria, como na maior parte do mundo, com medidas de isolamento e restrição de movimentos da população. São medidas eficazes em reduzir a velocidade da disseminação da doença. Assim, preservam o sistema de saúde do colapso. O exemplo de Milão, na Itália, é perfeito. O Prefeito Giuseppe Sala pensava como Bolsonaro e chegou a fazer excelente campanha publicitária defendendo o seu ponto de vista – mas acabou reconhecendo o erro. Parabéns pra ele.
É claro que o Brasil tem problemas específicos, como um dos países mais desiguais do mundo. 40% da população está na informalidade, sem condições de ficar em casa por um longo período, sem ganhar dinheiro. Mas se o problema específico do coronavírus não for levado em conta, as medidas não surtirão o efeito desejado. A epidemia então se abaterá com muita força, exatamente na população mais carente. São brasileiros que, muitas vezes, vivem em condições que dão mais espaço para a disseminação do vírus: sem saneamento básico e aglomerados em espaços infinitamente mínimos, como as favelas. Esse bom senso, contra o “pensamento” de Bolsonaro, foi vitorioso no grupo planaltino.
Bolsonaro acabou desautorizado, ilhado na sua incompetência, cercado de generais hostis por todos os lados. Aliás, quem é mesmo Bolsonaro?
