O coronavírus virou peça de marketing na disputa política entre governadores e a presidência da República. Nada mais natural. Bolsonaro pretende se reeleger, os governadores Witzel e Doria querem o lugar dele e o coronavírus – pelo bem ou pelo mal – é o que mais está mobilizando o povo brasileiro, principalmente nos grandes centros urbanos. Nós, que caminhamos em óbvia oposição a todos eles, não podemos deixar nos enganar por suas enganações.
Quem deu o primeiro passo no marketing do coronavírus foi Bolsonaro. De forma bastante intensa e, em alguns aspectos, bem eficiente, apesar de suas trapalhadas pessoais. Mesmo considerando a possibilidade de ciumeiras presidenciais, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ousou e deu um show de marketing televisivo. Puxou para ele todas as indagações sobre o vírus-estrela do momento e soube dar as respostas certas. Se isso agradou ao atônito telespectador, deixou os governadores pré-candidatos presidenciais e o próprio Bolsonaro com um vírus atrás da orelha.
Bolsonaro concluiu que, apesar de ser positiva a sua iniciativa, ele não poderia ter sua imagem associada a notícias negativas, como desemprego e imobilização completa da população, principalmente nos grandes centros urbanos. Partiu para cenas deploráveis. Chegou a dizer que o povo está sendo enganado sobre coronavírus. “Brevemente o povo saberá que foi enganado por esses governadores e por grande parte da mídia nessa questão do coronavírus”, disse em entrevista à TV Record, veiculada na noite desse domingo, 22. Naquele seu jeito estúpido de ser, chegou a declarar: “Espero que não venham me culpar lá na frente pela quantidade de milhões e milhões de desempregados na minha pessoa”. Disse que os governadores é que eram os “exterminadores de empregos” por decretarem medidas restritivas de circulação de pessoas. No desespero, chegou a declarar: “Não podemos exterminar empregos, senhores governadores. Sejam responsáveis. Nós estamos fazendo a coisa certa, seguindo os protocolos, com responsabilidade”. E não deixou de bater na mídia, dizendo que os panelaços “foram estimulados pela Globo, endossado pela revista Veja, entre outros órgãos de imprensa”.
Na verdade, Bolsonaro está apavorado com a perspectiva de perder o próprio emprego...
