22/03/2020 às 13h36min - Atualizada em 22/03/2020 às 13h36min

ITÁLIA RECEBE MÉDICOS CUBANOS COM APLAUSOS

QUANDO VÃO CONTRATAR OS MÉDICOS QUE FICARAM NO BRASIL?


A chegada dos 52 médicos e enfermeiros cubanos à Lombardia, na Itália, nesse domingo, foi uma recepção com muitos aplausos e agradecimentos. A ajuda do povo cubano à região italiana que mais tem sofrido com pandemia do coronavírus é esperança em meio a tanta dor e sofrimento. Segundo os últimos números divulgados pelo governo da Itália, nesse sábado, um novo recorde de mortes em 24 horas: 793 falecimentos, a grande maioria na Lombardia, 546. Novos casos não param de ser confirmados: 6.557.

Desde o início da pandemia, a Itália já registrou 4.825 mortes causadas pela doença. Com o sistema de saúde em colapso, a ajuda internacional é muito bem-vinda. Os profissionais cubanos vão se unir a 12 médicos chineses que já estão atendendo em um hospital de campanha em Bérgamo, capital da Lombardia. 
Cuba está enviando médicos, enfermeiros, material e equipamentos para os países que pedem ajuda. Equipes cubanas já estão na Venezuela, Nicarágua, Suriname e Granada. E aqui no Brasil, quando o governo federal finalmente vai chamar de volta os médicos cubanos que ficaram no país, depois que a parceria com Cuba foi desfeita antes mesmo de Bolsonaro assumir?
Nesse domingo completa uma semana que o secretário-executivo do ministério da Saúde, João Gabardo, anunciou que o governo Bolsonaro ia contratar 5.000 médicos para combater o coronavírus, entre eles todos os médicos cubanos que ficaram no Brasil. São 2.000 médicos que não têm autorização para trabalhar e vivem de “bicos”. Muitos já mostraram que estão dispostos a trabalhar no combate ao coronavírus.
Em sua coluna deste domingo, na Folha de São Paulo, o jornalista Jânio de Freitas afirma que a responsabilidade de Jair Bolsonaro pelas consequências da pandemia do coronavírus “vai muito mais além do atraso de suas suposições idiotas”.
Jânio também ressalta como o programa Mais Médicos, implantado pela ex-presidenta Dilma Roussef, em 2013, e destruído por Bolsonaro, faz falta no Brasil.
 
Diz a coluna de Jânio de Freitas:
Bolsonaro inaugurou seu desgoverno com a devastação do Programa Mais Médicos. Por fanatismo ideológico e com uso de falsidades, sustou um sistema de medicina comunitária que, desenvolvendo-se, agora dotaria o desprovido interiorzão e a pobreza urbana de uma rede de combate aos horrores ali possíveis, e mesmo previstos com autoridade.
Bolsonaro inaugurou seu desgoverno com a devastação do Programa Mais Médicos. Por fanatismo ideológico e com uso de falsidades, sustou um sistema de medicina comunitária que, desenvolvendo-se, agora dotaria o desprovido interiorzão e a pobreza urbana de uma rede de combate aos horrores ali possíveis, e mesmo previstos com autoridade.
A conduta dos chamados meios de comunicação nesse assunto foi deplorável, desde o início, com o tema posto na campanha eleitoral. Orientaram-se pela nacionalidade e não pelas qualidades que o programa tivesse. Foram gerais o endosso e a propagação das acusações de que o governo cubano apropriava-se de parte da remuneração dos seus médicos. Tanto que as remunerações não eram feitas aos cubanos no Brasil, mas via Cuba. A própria habilitação dos médicos, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde como das melhores, foi questionada, pretendendo-se novos exames aqui.
(...) A etapa bem-sucedida do Mais Médicos deixou histórias extraordinárias, que se perdem nas memórias dos personagens. Não daquelas dezenas de milhares, se não centenas de milhares, que nunca haviam tido um atendimento médico. E talvez nunca mais tenham. Milhares, sem sequer tempo para sabê-lo: a mortalidade infantil cresce pavorosamente em lugares roubados do médico que a reduzira ou eliminara. Há condutas de governantes que não figuram nos Códigos Penais, mas têm tudo de crimes. Crimes contra a humanidade.

 
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