Todos sabemos que a Europa está com dificuldades com relação a suprimentos e equipamentos médicos, essenciais no combate à pandemia que já matou mais de 5.000 pessoas em todo o continente. Talvez por isso, o próprio presidente chinês Xi Jinping fez questão de ligar para os líderes da França, Alemanha, Espanha e Sérvia e oferecer apoio na luta contra o coronavírus. Foi um gesto diplomático extraordinariamente forte.
A Itália já conta mais de 4.000 pessoas mortas e mais de 47.000 infectadas. No sábado, a Espanha viu o número de mortos subir mais de 300, atingindo 1.326, com o número de casos confirmados chegando a 25.000. A China, por sua vez, não relatou novas transmissões locais por três dias. Como resultado, pôde enviar milhões de máscaras faciais necessárias para a Europa.
Na ligação para Angela Merkel, a chanceler alemã, Xi disse que a China fará todo o possível para ajudar. “Se a Alemanha estiver em necessidade, a China está disposta a fornecer ajuda dentro de nossas capacidades”, disse ele à Xinhua, a agência de notícias oficial do governo chinês. E acrescentou: “As crises de saúde pública são os desafios comuns que a humanidade enfrenta, e a unidade e a cooperação são suas armas mais poderosas”. Pequim também está pronta para trabalhar com Berlim em outras áreas, como desenvolvimento de vacinas, disse Xi.
A Alemanha, que registrou mais de 20.000 casos e 44 mortes, é o único país - dos quatro que Xi ligou - que ainda não solicitou suprimentos médicos à China. A Sérvia não é membro do União Europeia e seu presidente, Aleksandar Vucic, descartou o voto de solidariedade da UE como uma “fantasia” e preferiu procurar ajuda na China. “China e Sérvia são parceiros estratégicos abrangentes”, disse Xi a Vucic no sábado. “A amizade dos dois países é dura como o ferro e durará para sempre.” Xi comprometeu-se a fornecer à Sérvia equipamentos de proteção e equipamentos médicos, além de ajudar a obter materiais da China. Vucic também conseguiu garantia do presidente chinês de serem enviadas equipes médicas para a Sérvia, como já foi feito na Itália e na Espanha. Apesar das críticas a Vucic, a UE já declarou que fornecerá à Sérvia € 7,5 milhões (US $ 8 milhões) em ajuda, medida bastante inteligente. “Na próxima semana, grandes aviões de carga trarão equipamentos médicos essenciais. A UE está sempre com a Sérvia em tempos de necessidade”, disse o embaixador da UE Sem Fabrizi no Twitter, acrescentando: “Ação, não palavras”.
O presidente da França, Emmanuel Macron, alegou ter pedido mais poder à Comissão Europeia, o braço executivo da UE, já que os Estados membros, atuais e futuros, podem perder a confiança na instituição à medida que a crise da saúde se desenrola. Em seu telefonema com Macron, Xi também pediu apoio da Organização Mundial da Saúde para promover conjuntamente a cooperação internacional na prevenção e controle da doença e apoiar a ONU e a OMS no desempenho de um papel central no aperfeiçoamento da gestão global da saúde pública.
Em uma pesquisa publicada na sexta-feira, o índice de popularidade de Macron subiu mais de 50% pela primeira vez desde 2018. O público francês obviamente está aprovando a maneira como ele está lidando com a crise da saúde – bem diferente do que ocorre com o Brasil de Bolsonaro...
O incomum no telefonema de Xi para a Espanha foi que ele falou diretamente com o rei Felipe, chefe de estado cerimonial que geralmente fica fora da política.
Enquanto isso, aqui no Brasil, certos idiotas no poder preferiam ofender a China. Como diz o jornalista Leonado Attuch, “é preciso parar Bolsonaro o quanto antes e desenhar um plano de emergência com todas as forças sociais e democráticas".