19/03/2020 às 18h41min - Atualizada em 19/03/2020 às 18h41min

EDUARDO BOLSONARO É DENUNCIADO NO CONSELHO DE ÉTICA

MOURÃO: “EDUARDO NÃO FALA PELO GOVERNO”


As acusações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) à China sobre a propagação do coronavírus no mundo provocaram uma crise diplomática entre o Brasil e o maior parceiro comercial e investidor do país. O deputado também foi alvo de duas representações no Conselho de Ética da Câmara, nessa quinta-feira. O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) acusa o filho do presidente Bolsonaro de quebra de decoro parlamentar pelas declarações do parlamentar contra a China. “Diante desses fatos e da grave crise social e econômica que os brasileiros vão enfrentar, o discurso do filho do presidente é irresponsável, prejudica os interesses nacionais e periga agravar a turbulência pela qual o país está passando”, escreveu Marcelo Freixo, na representação.
O deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ) pediu abertura de processo disciplinar por considerar “irresponsável” a postura do parlamentar que pode prejudicar bastante a relação com a China, maior parceiro comercial do Brasil, “no momento em que se deve somar esforços para combater o coronavírus”.

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou à Folha de São Paulo que a declaração do deputado federal Eduardo Bolsonaro não representa a opinião do governo federal. “O Eduardo Bolsonaro é um deputado. Se o sobrenome dele fosse Eduardo Bananinha não era problema nenhum. Só por causa do sobrenome. Ele não representa o governo. Não é a opinião do governo. Ele tem algum cargo no governo?” perguntou Mourão à Folha.

Eduardo Bolsonaro não tem, mas age como se tivesse. Pelo Twitter, o deputado publicou sobre a crise, mas não pediu desculpas ao governo chinês. “Jamais ofendi o povo chinês, tal interpretação é totalmente descabida. Esclareço que compartilhei postagem que critica a atuação do governo chinês na prevenção da pandemia”.
No texto, já tentou se adiantar às possíveis cobranças sobre a conduta dele. “Estimular o debate é função do parlamentar brasileiro, tendo para isso a prerrogativa de imunidade parlamentar (art.53 CF) como garantia constitucional, para que o deputado possa exercer tal direito”. No texto voltou a fazer cobranças à China. "A mutação genética de um vírus pode nascer em qualquer país, mas é obrigação das autoridades deste informar à sociedade e tomar as melhores medidas para conter seu avanço (e não agir mantendo sigilo da real condição da doença). As vidas das pessoas devem estar em primeiro lugar, acima de qualquer interesse do Estado”, reafirmou o filho do presidente Bolsonaro.

Com certeza essa frase sobre a preocupação com a vida das pessoas também deveria ser enviada ao Palácio do Planalto que insiste em afirmar que a economia não pode parar, mesmo com milhões de brasileiros correndo risco, indo trabalhar porque são obrigados pelos empresários, aliados de primeira hora de Bolsonaro e Guedes. Se o Brasil não pode parar, o ministério das Relações Exteriores deveria tentar contornar a crise com a China e não dar prioridade à defesa de Eduardo Bolsonaro, como infelizmente fez o chanceler brasileiro, Eduardo Araújo, pelo Twitter.

Ele atacou a resposta do embaixador chinês Yang Wanning à postagem de Eduardo Bolsonaro. “As suas palavras são um insulto maléfico contra a China e ao povo chinês. Tal atitude flagrante anti-China não condiz com o seu estatuto como deputado federal, nem a sua figura pública especial”, escreveu Yang logo depois das acusações. Eduardo Araújo disse que foi “inaceitável” e também pede retratação do governo chinês.

Amigo do filho do presidente, Araújo reagiu, principalmente, ao fato do embaixador ter compartilhado postagens que diziam que a família Bolsonaro é “o grande veneno deste país”. Na noite de quinta-feira mesmo, o embaixador desfez o retuíte. “É inaceitável que o embaixador da China endosse ou partilhe postagem ofensiva ao chefe de Estado do Brasil e aos seus eleitores, como infelizmente ocorreu ontem à noite. As críticas do deputado Eduardo Bolsonaro não refletem a posição do governo brasileiro. Cabe lembrar, entretanto, que em nenhum momento ele ofendeu o chefe de Estado Chinês. A reação do embaixador foi, assim, desproporcional e feriu a boa prática diplomática”, concluiu o chanceler em defesa do filho do presidente, que foi um dos grandes responsáveis por ele estar no cargo.

Enquanto a diplomacia não resolve essa crise, os internautas brasileiros se adiantaram e levaram a hastag #DesculpaChina aos trendings topics do Twitter. E outra hashtag que também fez muito sucesso foi dada pelo vice-presidente Hamilton Mourão. Logo depois que foi publicada a entrevista dele à Folha,
#EduardoBananinha arrasou no Twitter.
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