Os primeiros sinais vieram nas redes sociais. A queda foi mais acentuada no domingo, dia 15 de março, logo depois que o presidente Jair Bolsonaro foi ao encontro dos manifestantes, em Brasília, que pediam o fechamento do Congresso e do STF. Bolsonaro desobedeceu todos os protocolos internacionais para combater a propagação do coronavírus. Nessa quinta-feira, uma pesquisa da Atlas Político, realizada com exclusividade para a CNN Brasil, revelou: 64% da população reprovam o plano do governo Bolsonaro para enfrentar e combater a pandemia do coronavírus. Os dados apontam um grande pessimismo pela maioria dos entrevistados em relação ao crescimento da doença no Brasil. Para a esmagadora maioria, 80% dos consultados, o sistema de saúde não está preparado para enfrentar o aumento de doentes e 73% acham que a situação vai piorar.
Ao mesmo tempo que Bolsonaro é reprovado, cresce nas redes sociais a defesa do SUS (Sistema Único de Saúde) que desde o golpe contra a ex-presidenta Dilma Roussff, em 2016, vem sofrendo cortes orçamentários. Os internautas exigem que o governo reponha o dinheiro do SUS que foi retirado, aumentando os problemas na rede pública de saúde.
A pesquisa da Atlas Político entrevistou 1900 pessoas, entre segunda-feira, dia 16 de março, até quarta-feira, 18. Para 38% dos entrevistados, a crise vai durar até seis meses e 28% avaliam que vamos enfrentar problemas causados pelo coronavírus pelos próximos dois ou três meses. A pesquisa também quis saber qual é a expectativa do brasileiro sobre as consequências da pandemia na economia. Para 57% dos entrevistados, o Brasil vai entrar em recessão neste ano. O medo de ser obrigado a deixar suas casas preocupa 67% das pessoas ouvidas e 29% temem que alguém da sua família vai perder o emprego. A pesquisa também perguntou sobre a recomendação para as pessoas não saírem de casa. Ao contrário do presidente Bolsonaro e seguidores, 67% dos entrevistados já estão conscientes e têm medo de sair de casa em razão do coronavírus.
O resultado da pesquisa e a avaliação do próprio governo sobre a queda do apoio ao presidente Bolsonaro nas redes sociais ganharam vida nas janelas, varandas e lajes do Brasil durante os “barulhaços” que vêm acontecendo desde segunda-feira, em várias cidades do país. Panelas, apitos e gritos “Fora Bolsonaro” que ecoaram em 22 capitais, em Brasília e centenas de cidades brasileiras, nessa quarta-feira, devem ter agitado, ainda mais, os ânimos no Palácio da Alvorada e residências dos ministros. O “barulhaço” das pessoas que desaprovam o governo Bolsonaro na condução do combate ao coronavírus inibiu as fracas manifestações de apoio ao presidente. Aliás, o fiasco foi maior porque o próprio Bolsonaro divulgou o “panelaço” da turma dele (se é possível ter esse tipo de protesto para apoiar alguém), com horário e tudo, durante a entrevista coletiva que ele e os ministros deram à imprensa, nessa quarta-feira, transmitida ao vivo pelas grandes redes de televisão.
Resultado: o “barulhaço” dos opositores ao governo Bolsonaro agora vai ser diário, sempre às 20h30.
