17/03/2020 às 18h39min - Atualizada em 17/03/2020 às 18h39min

​O ASSASSINATO DE HERZOG: SEIS DENUNCIADOS PELO MPF

JORNALISTA FOI ASSASSINADO PELA DITADURA HÁ 45 ANOS.



A família do jornalista Wladimir Herzog conquistou mais um passo para acabar com uma das mais cruéis mentiras inventadas pela ditadura militar. Nesta terça-feira, 45 anos depois, o Ministério Público Federal denunciou seis pessoas por assassinarem e depois forjarem o suicídio de Vlado, nome de registro do jornalista. Aos 38 anos, Wladimir Herzog foi preso e torturado até a morte, em outubro de 1975, no Doi-Codi, em São Paulo, na época o principal centro de tortura da ditadura militar. Segundo o Uol, foram denunciados pelo homicídio, o comandante do Doi-Codi na época, Audir Santos Maciel, e José Barros Paes, também processado por fraude processual. Os médicos legistas Harry Shibata, que foi chefe do IML em São Paulo, e Arildo de Toledo Viana foram denunciados por falsidade ideológica, por terem atestado falsamente que Herzog se suicidou. O procurador militar do caso Herzog, Durval de Moura Araújo, foi denunciado por prevaricação porque não denunciou os envolvidos no caso.
A família de Wladimir Herzog sempre lutou para que a farsa da ditadura militar fosse desmascarada e os culpados processados. Na época do assassinato, Herzog era diretor de jornalismo da TV Cultura de São Paulo. Para ser contratado para um canal público, o nome dele precisava da aprovação do Serviço Nacional de Informação, o temido SNI.
Eram dias difíceis. Os jornalistas muito perseguidos pelos agentes da ditadura. Chamado para depor, Herzog se apresentou espontaneamente, no dia 25 de outubro, na sede do DOI-CODI. Nunca mais foi visto vivo. Os militares montaram uma farsa e simularam o suicídio do jornalista. Herzog foi fotografado enforcado com um cinto. A foto montada ganhou o mundo e revelou a dramática situação que o Brasil vivia com a ditadura militar.
A mentira oficial começou a ser corrigida em 2013, quando a viúva de Herzog, Clarice, e os filhos Ivo e André receberam a certidão de óbito corrigida com a verdadeira causa da morte: lesões e maus tratos sofridos durante interrogatório DOI-CODI, nas dependências do segundo Exército, em São Paulo. Na certidão anterior, sugeria o suicídio, ou “enforcamento por asfixia mecânica”.
A luta pela verdade continuou. Em março de 2018, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Brasil pela morte de Wladimir Herzog. A sentença destacou que “o assassinato de Herzog configura um crime contra a humanidade e que a Lei da Anistia não pode ser aplicada como razão para o Estado deixar de investigá-lo”.
Em agosto do mesmo ano, o MPF reabriu a investigação do caso Herzog. Demorou e ainda falta muito para que essa terrível farsa da ditadura militar chegue ao fim. A família de Wladimir Herzog comemorou e espera que a denúncia do MPF seja aceita pela Justiça. O caso Herzog será analisado pela 1ª Vara Federal de São Paulo que rejeita todas as denúncias da época da ditadura militar.

A luta continua.

Leia mais Conversa Afiada El País.
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