21/01/2020 às 07h58min - Atualizada em 21/01/2020 às 07h58min

​PREVISÃO DE DESEMPREGO NOS PRÓXIMOS ANOS:

BRASIL TERÁ QUASE O DOBRO DO QUE TEVE EM 2014!


É a OIT (Organização Internacional do Trabalho) que faz a previsão: a taxa de desemprego no Brasil irá se manter em patamares elevados pelos próximos anos. É verdade que cairá uns décimos percentuais – poderá cair dos 12,1% em 2019 para 11,5% em...2024!
 
De acordo com os dados da OIT, o Brasil encerrou 2019 com uma taxa de desemprego de 12,1%. Para 2020, esse índice cai para 12% e, em 2021, ele será ainda de 11,8%. Em 2022, o índice permanece elevado, em 11,6%. Ainda que incertos, os anos de 2023 e 2024 são apresentados com uma taxa prevista de 11,5% de desemprego. Ou seja, quase o dobro dos índices de desemprego registrados em 2014 (6,7%), o nível mais alto nos últimos 30 anos!!!
 
O IBGE (ligado ao Ministério da Economia) discorda e apresenta outros dados: a taxa de desemprego no Brasil teria ficado em 11,2% no trimestre encerrado em novembro, com 11,9 milhões de pessoas. Em termos absolutos, a OIT indica que 2019 terminou com 12,8 milhões de desempregados. Em 2020, o número previsto se mantém e em 2021 cai para 12,7 milhões. Entre 2022 e 2024, o total permanece entre 12,5 milhões e 12,6 milhões.
"Não vemos um empurrão importante para permitir que taxa volte ao que existia em 2014", afirmou Stefan Kuhn, macroeconomista da OIT. Segundo ele, uma volta às taxas anteriores à crise pode levar alguns anos.
"Atualmente, não há como saber, pode levar muito tempo. Não há uma previsão de queda acelerada (do desemprego) no Brasil", alertou.
Ele cita o que ocorreu com o desemprego na Grécia e Espanha, depois das crises de 2008 e 2009. "Ainda não vimos as taxas se reduzirem ao que existia antes", afirmou Kuhn.
 
O modelo brasileiro está errado
 
Segundo a OIT, um dos problemas é o modelo usado pelo Brasil para garantir seu crescimento, baseado em exportações e commodities. "A economia global está se deteriorando. Será cada vez mais difícil implementar o modelo liderado pelas exportações", indicou o economista da entidade.
 
Além da queda lenta do desemprego, os números da OIT apontam para o aumento de pessoas fora da força de trabalho. Em 2019, eram 60,8 milhões de brasileiros nesse situação. Em 2021, serão 62,7 milhões.
Na semana passada, a ONU já havia alertado que a recuperação da economia brasileira seria lenta e que ficaria abaixo da expansão do restante do mundo, pelo menos até 2021.
 
Turbulência social

Para a OIT, apesar da situação de pouco avanço no Brasil, não há indicação de que o país poderia viver o mesmo clima de turbulência social, registrado em outras partes do continente. A não ser que o desemprego volte a crescer – o que, diante do governo que temos, não é difícil acontecer.
No restante da América Latina, a OIT aponta que mais distúrbios podem ocorrer. O fracasso em reduzir as desigualdades sociais e criar empregos decentes pode levar o povo a tomar as ruas. Em um índice de turbulência social criado pela OIT, foi registrado uma alta entre 2009 e 2019. Das onze subregiões do mundo, sete tiveram um aumento de manifestações, protestos e greves. Um deles seria a América Latina.
Para Guy Ryder, diretor-geral da OIT, não existem dúvidas de que condições de trabalho estão minando a harmonia social e criando desconforto.
 
Mundo

No restante do mundo, a situação social também é considerada preocupante. Mesmo com a taxa de desemprego em apenas 5,4% - cerca de 188 milhões de pessoas -, a realidade é que o número não conta a história completa.
No total, 500 milhões de pessoas estão fora do mercado de trabalho ou desempregadas. Além disso, outros 630 milhões de pessoas que trabalham não ganham o suficiente para sair da extrema pobreza. Isso representa um quinto de todos os trabalhadores, com um salário de menos de US$ 3,2 por dia.
Entre os jovens, 267 milhões de pessoas - 22% dessa categoria - não estão nem trabalhando, nem estudando.
"O que vemos é que para milhões de pessoas, é cada vez mais difícil construir vidas melhores por meio do trabalho", alertou Ryder.
A camada mais pobre dos trabalhadores precisaria de onze anos de renda para conseguir o mesmo salário que os 20% mais ricos obtêm em apenas um ano. "A situação é pior que pensávamos", completou o diretor-geral da OIT.
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