08/01/2020 às 09h05min - Atualizada em 08/01/2020 às 09h05min

​POBRE POVO AMERICANO:

COMO ENTENDER UM PRESIDENTE ANORMAL?

 
Em seu texto para The New York Times, sobre Donald Trump, o colunista Jamelle Bouie pergunta: “Quando é que vamos parar de tentar racionalizar o irracional?”

Lembra que H.P. Lovecraft, escritor americano de terror e ficção científica, apresentou trabalho (primeira metade do século XX) definido por “encontros individuais com o incompreensível, com vistas, sons e idéias que minam e distorcem a realidade conforme seus personagens a entendem. Diante de coisas monstruosas demais para serem reais, mas que ainda existem, os protagonistas de Lovecraft rejeitam seus sentidos ou caem na loucura, incapazes de viver com o que aprenderam”.

Donald Trump e a classe política americana lembram esse protagonista de Lovecraft, lutando para entender um presidente incompreensivelmente anormal.

“A realidade de Donald Trump” - acrescenta Bouie - “um narcisista amoral sem capacidade de reflexão ou crescimento pessoal - é evidente a partir de suas décadas na vida pública. Mas, em vez de enfrentar isso, muitas pessoas rejeitaram os fatos diante deles, escolhendo uma ilusão em vez da verdade perturbadora”.

Diz Bouie que os recentes acontecimentos no Oriente Médio são “um excelente exemplo desse fenômeno”. E descreve: “na noite de quinta-feira, os Estados Unidos mataram o major-general Qassim Suleimani, líder iraniano da Força Quds da República Islâmica e um dos líderes militares mais poderosos da região. O ataque foi repentino e inesperado. A Casa Branca notificou o Congresso somente após o fato, com um documento breve e reservado”. Pode isso?

O assassinato de Suleimani equivale a uma declaração de guerra e aumentou as tensões entre os Estados Unidos e o Irã. Teerã já prometeu "vingança forte" contra os Estados Unidos, enquanto Trump disse que "reagiria muito rápido e fortemente", se o Irã cumprisse sua ameaça, prometendo um ataque a "52 locais iranianos", incluindo locais "importantes para o Irã e a cultura iraniana".

Suleimani classificou o atentado como “ação impulsiva de um presidente impaciente”. Lembra que até oficiais do Pentágono ficaram surpresos com a decisão. Eles teriam dado a Trump a opção de um ataque com a expectativa de que ele o rejeitasse por ser muito extremo – o que, aqui entre nós, é um absurdo, não se apresenta uma opção desse tipo, sem aprová-la antes.

Diz Bouie que três anos no cargo não mudaram o caráter de Trump nem aprimoraram suas capacidades. “Ele é tão ignorante e indiferente como presidente quanto era como candidato (e como um possível magnata antes disso). Seu principal objetivo é a autopreservação, e ele sacrifica qualquer coisa para alcançá-lo. Seu atual ataque à autoridade do Congresso - sua recusa em que a Casa Branca ou membros de seu governo liberem documentos ou obtenham intimações - é uma tentativa de escapar à responsabilidade por suas próprias ações antiéticas (e potencialmente ilegais). Ele é auto-envolvido, antiético e instável - uma combinação perigosa para o comandante-chefe das forças militares mais poderosas do mundo, sob pressão do impeachment e de uma campanha de reeleição”. O julgamento de Trump não pode mais se restringir aos Estados Unidos. Precisa urgentemente ser julgado pelo mundo inteiro. E torcemos para que seja imediatamente condenado.

Leia também o texto de Jamelle Bouie no NYT.

 
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