06/12/2023 às 12h06min - Atualizada em 06/12/2023 às 12h06min

VENEZUELA USA TÁTICA RUSSA.

UNE PLEBISCITO E AÇÃO MILITAR...



Nicolás Maduro, o conhecido  presidente da Venezuela, anunciou uma decisão da maior importância, que certamente estimulará um conflito entre dois países fronteiriços do Brasil.
 
Após o plebiscito de domingo, a Venezuela resolveu rapidamente anexar uma área que até agora fazia parte da Guiana, equivalente a 70% da área do país, o território de Essequibo.
 
O processo lembra o da operação especial da Rússia na Ucrânia com as etapas trocadas (provável avanço militar sobre a área, reivindicada desde o século 19, em conjunto com um plebiscito). No caso da Venezuela, votaram os eleitores do país, não os da área anexada. O apoio à incorporação foi de 95%, tendo reunido lideranças da oposição e até mesmo Maria Corina Machado, considerada a principal candidata para enfrentar o governo de Maduro nas eleições do ano que vem, mas declarada inelegível pela Justiça venezuelana.
Na Rússia, foram os cidadãos das áreas em disputa que votaram na consulta a favor de incorporá-las ao território russo.
 
O gesto de Maduro teve que ser precipitado, por causa da presença provocadora de militares americanos, preparando-se para estabelecer bases na Guiana. Descobertas recentes revelaram reservas imensas de petróleo na Guiana, já sendo exploradas pela ExxonMobil.
 
Claro que o comando venezuelano teve que se antecipar aos fatos desencadeados pelos movimentos do Comando Sul do Exército do Grande "irmão" do Norte. Aproveitou-se também de um momento específico da conjuntura internacional. Talvez julgue que há uma janela de oportunidade no fato de que os Estados Unidos já se encontram envolvidos em dois conflitos: o da Ucrânia com a Rússia e o de Israel com os palestinos.
 
Internamente, os americanos encontram dificuldades para aprovar no Congresso verbas para sustentar os dois combates. Falta saber como vai ser a  reação dos gringos, na entrada de um ano de eleições presidenciais. Esse problema é tudo que os EUA não querem. Como as coisas estão avançando, isso pode sinalizar o esgotamento da capacidade de contenção estratégica de Washington numa região que sempre considerou ser parte do seu quintal.
 
As forças armadas da Guiana simplesmente significam nada. A progressão dos venezuelanos por terra é complicada - mas os generais de Caracas devem saber como ter controle da região. Caças de Caracas já estão sobrevoando a área agora batizada pela Venezuela de Guayana Esequiba. E os venezuelanos já nomearam um militar para governar a área.
 
Desde as Malvinas, há 41 anos, a América Latina não tinha um choque nessas proporções. O tremor político é na vizinhança do Brasil, cujo papel de liderança e negociador será testado. A Venezuela, que muitos julgavam alquebrada por anos de bloqueios e sanções, resolveu dobrar a aposta.
 
O imenso abalo político pode ser regional, mas suas consequências vão pôr em xeque toda a ordem global.
 
Ou seja, ninguém segura a Venezuela...
 
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