04/12/2023 às 12h23min - Atualizada em 04/12/2023 às 12h23min

DISPUTA ENTRE VENEZUELA E GUIANA.

BRASIL E EUA VÃO SE METER?


 
O referendo a ser realizado neste domingo (3) pela Venezuela sobre a redefinição da fronteira com a vizinha Guiana pode desencadear um conflito armado, na visão do especialista Williams Gonçalves. Para o professor de Relações Internacionais da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), o conflito pode, inclusive, envolver grandes potências estrangeiras.
“Não se trata apenas de uma possível guerra para tomar um pedaço de terra. Trata-se de tomar um mar de petróleo que existe ali. Portanto, a possibilidade de internacionalização do conflito, em virtude da importância do que está em jogo, é muito grande”, afirma Gonçalves.
 
Tradicionalmente um país pobre e com baixos indicadores sociais, a Guiana tem vivido um boom econômico, devido à descoberta de reservas de 11 bilhões de barris de petróleo e outros bilhões de metros cúbicos de gás natural.
Segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), a Guiana teve o maior crescimento econômico entre todos os países do mundo, em 2022, com um avanço de 62,3% no PIB (Produto Interno Bruto = soma de todos os bens e serviços produzidos no país). Em setembro, o FMI projetava um crescimento de 38% neste ano.
 
“Os Estados Unidos têm interesse na exploração do petróleo da Guiana e na derrubada do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro. Mas, por outro lado, a Venezuela tem uma sólida relação com a Rússia e com a China. A Venezuela tornou-se uma base militar e tecnológica da China e da Rússia. Portanto, uma internacionalização do conflito pode ser uma coisa realmente explosiva”, disse.
 
Papel do Brasil
Segundo ele, o Brasil tem um papel fundamental na mediação da crise entre os dois países. “Para o Brasil, a internacionalização do conflito é uma coisa desastrosa. A possibilidade desse conflito existe. Agora, se isso vai prosperar, depende muito da ação diplomática do Brasil – e também da Colômbia. São os dois países, no contexto regional, mais interessados em evitar o conflito e com maior lastro diplomático para negociar tanto com um lado como com o outro”. São dois interlocutores credenciados, por assim dizer”, destaca o professor.
 
No entanto, Williams acredita que o referendo pode ser apenas uma forma de fortalecer a posição eleitoral de Maduro, já que, em 2024, haverá eleições presidenciais na Venezuela.
“Ele defende uma posição que é praticamente unânime na Venezuela. Nem a oposição venezuelana aceita perder o território de Essequibo, portanto Maduro procura fortalecer sua posição política interna para as eleições, mexendo numa questão [incorporar Essequibo à Venezuela] com a qual todos estão de acordo, inclusive a oposição”.
 
O Ministério da Defesa brasileiro informou que tem acompanhado a situação e que intensificou suas ações na “fronteira ao norte do país”, com um aumento da presença de militares na região. O Ministério das Relações Exteriores, por sua vez, defende que Venezuela e Guiana busquem uma solução pacífica para a controvérsia.
 
Quando se disputa petróleo, é difícil pensar em paz e é praticamente impossível uma solução que traga paz...
 
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