11/07/2022 às 18h46min - Atualizada em 11/07/2022 às 18h46min

COMO ANDAM BIDEN, MACRON E SCHOLZ?

PREFEREM UBER?



O jornal The Guardian, britânico, publicou neste domingo, 10, uma reportagem que traria evidências de que diretores da UBER, empresa de tecnologia, teriam violado leis, explorado a violência contra os motoristas e pressionado os governos americano, alemão e francês durante sua expansão global.
The Guardian teria tido acesso a 124 mil mensagens trocadas entre os diretores da empresa entre 2013 e 2017, quando a empresa era presidida por um dos seus fundadores, Travis Kalanick.

Criada em 2011, a UBER, hoje, opera em 40 países e é avaliada em US$ 43 bilhões (cerca de R$ 215 bilhões), realizando uma média de 19 milhões de viagens por dia. Atenção: 19 milhões de viagens por dia!
 
Violência
Em uma das mensagens divulgadas, em janeiro de 2016, Kalanick propõe conter os protestos de taxistas contra a implementação da UBER na Europa, incentivando os motoristas do aplicativo a conter as manifestações. "Eu acho que vale a pena. Violência garante o sucesso", teria dito o fundador da UBER.
 
A tática de confronto teria sido incentivada na França, Itália, Espanha, Suíça, Holanda e Bélgica.
Após incentivar a violência, a UBER pautava a imprensa. "Mantemos a narrativa da violência por alguns dias, antes de oferecer a solução", disse um dos diretores da empresa nas mensagens de 2016.
Os motoristas que foram vítimas de agressão foram encorajados a registrar relatórios policiais, que foram compartilhados com o De Telegraaf, o principal jornal diário holandês.
 
Lobby
Em 2016, a UBER teria destinado US$ 90 milhões (cerca de R$ 450 milhões) para intermediários realizarem lobby no Congresso dos EUA e no Parlamento Europeu para superar leis que figurassem como obstáculos para o estabelecimento da transnacional.
A publicação também revela mensagens entre Kalanick e o presidente francês Emmanuel Macron, que confirmariam a cooperação do mandatário para aprovar leis favoráveis à empresa na França, mediando reuniões com instituições públicas e dando fácil acesso aos diretivos da empresa.
Joe Biden também aparece nos documentos, que fazem menção a uma reunião entre o então vice-presidente na gestão de Obama e o fundador da UBER. O encontro teria acontecido durante o Fórum Econômico Mundial, na Suíça. Após a reunião com Travis Kalanick, o vice de Obama discursou em Davos defendendo a "liberdade de trabalhar quantas horas cada um quiser e gerir sua própria vida como desejar", em alusão à propaganda das novas plataformas digitais.
 
Outros nomes que também aparecem nos e-mails e mensagens de WhatsApp são o do ex-primeiro ministro israelense Benjamin Netanyahu, o ex-chanceler britânico George Osbourne e o chefe do governo irlandês, Enda Kenny.
Os executivos da UBER teriam expressado desdém por representantes eleitos que eram menos receptivos ao modelo de negócios da empresa.
O atual chanceler alemão, Olaf Scholz, na época prefeito de Hamburgo (2011 a 2018), foi chamado de "um verdadeiro comediante" após negar as investidas dos lobistas da UBER e manter a decisão de que a empresa deveria pagar um salário mínimo aos motoristas cadastrados no aplicativo.
 
Apagão de dados
Entre 2013 e 2016, a UBER operou de maneira ilegal em muitos países, com legislações que proibiam o estabelecimento do formato de corridas por aplicativo. Nas mensagens vazadas, em pelo menos 12 ocasiões os diretores da empresa teriam ordenado o setor de tecnologia a limpar sua base de dados, ao ser informado de alguma investigação contra a companhia.
A UBER era avisada sobre a abertura de algum expediente e imediatamente apagava os dados que poderiam comprometer suas atividades econômicas na França, Bélgica, Holanda, Hungria, Romênia e Índia.
 
Sob nova direção
Em resposta ao vazamento, a UBER publicou um comunicado admitindo "erros e equívocos", mas disse que se transformou desde 2017, sob a liderança de seu atual presidente-executivo, Dara Khosrowshahi.
"Não temos e não vamos dar desculpas para comportamentos passados ​​que claramente não estão alinhados com nossos valores atuais", disse. "Em vez disso, pedimos ao público que nos julgue pelo que fizemos nos últimos cinco anos e pelo que faremos nos próximos anos."
 
O conteúdo das mensagens filtradas é analisado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), que promete publicar novas reportagens sobre a UBER nas próximas semanas. O ICIJ reúne cerca de 180 jornalistas de 40 meios de comunicação, e foi um dos responsáveis dos casos Panama Papers e Pandora Papers.
 
* Com informações do The Guardian.
BrasilDeFato e Brasil247.

 
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